São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Nas TVs, tom de engajamento e retórica sobre "refundação"

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Ameaçada pela Record no Rio, a Globo derrubou parte da programação regular a partir de quinta, repetindo a cobertura da enchente que em 1966, em cinco dias, com Walter Clark, a estabeleceu como a TV da cidade.
Assim foi até ontem, com a tomada do Complexo do Alemão. Que foi anticlimática, sem a violência anunciada em manchetes como "A polícia dá ultimato aos criminosos no Rio: ou se entregam ou vai ocupar o morro", do "Jornal Nacional" de sábado. A falta de conflito maior não foi problema -e sua transmissão ao vivo bateu a Record por grande margem.
A cobertura global, como antes, se fundiu ao próprio Estado, em engajamento semelhante ao da Fox News no Iraque. Sua repórter chegou ao Alemão ao lado da polícia. A captura do homem condenado por matar o jornalista Tim Lopes fechou o círculo.
O discurso de refundação do Estado nas áreas retomadas foi único, da cobertura como das autoridades na transmissão. Até o "ultimato" fundiu meio e mensagem. No dizer do relações públicas da Polícia Militar, "um novo tipo de guerra, também é uma guerra midiática".
A Record não ficou atrás no engajamento, embora tenha entrado com certo atraso -e tenha anotado, aqui e ali, o temor pelas vítimas civis. Mas aí a melhor expressão estava na web, com a cobertura pelos moradores do próprio Alemão, como no perfil Voz da Comunidade.


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