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ANÁLISE
Nas TVs, tom de engajamento e retórica sobre "refundação"
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Ameaçada pela Record no
Rio, a Globo derrubou parte
da programação regular a
partir de quinta, repetindo a
cobertura da enchente que
em 1966, em cinco dias, com
Walter Clark, a estabeleceu
como a TV da cidade.
Assim foi até ontem, com a
tomada do Complexo do Alemão. Que foi anticlimática,
sem a violência anunciada
em manchetes como "A polícia dá ultimato aos criminosos no Rio: ou se entregam ou
vai ocupar o morro", do "Jornal Nacional" de sábado. A
falta de conflito maior não foi
problema -e sua transmissão ao vivo bateu a Record
por grande margem.
A cobertura global, como
antes, se fundiu ao próprio
Estado, em engajamento semelhante ao da Fox News no
Iraque. Sua repórter chegou
ao Alemão ao lado da polícia.
A captura do homem condenado por matar o jornalista
Tim Lopes fechou o círculo.
O discurso de refundação
do Estado nas áreas retomadas foi único, da cobertura
como das autoridades na
transmissão. Até o "ultimato" fundiu meio e mensagem. No dizer do relações públicas da Polícia Militar, "um
novo tipo de guerra, também
é uma guerra midiática".
A Record não ficou atrás
no engajamento, embora tenha entrado com certo atraso
-e tenha anotado, aqui e ali,
o temor pelas vítimas civis.
Mas aí a melhor expressão
estava na web, com a cobertura pelos moradores do próprio Alemão, como no perfil
Voz da Comunidade.
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