São Paulo, domingo, 29 de novembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Exercício combate efeitos da idade ganha adeptas acima dos 40 Senhora Musculação
JAIRO BOUER especial para a Folha As mulheres mais velhas estão invadindo uma praia tradicionalmente ocupada por homens e por garotas: a sala de musculação de clubes e academias de São Paulo. O resultado não poderia ser melhor. Os especialistas mostram que, desde que complementando as atividades físicas clássicas e feita com moderação, a musculação pode ser valiosa aliada das mulheres que estão passando dos 40. A cada década de vida, o metabolismo (capacidade de o organismo de gastar as calorias provenientes da alimentação) cai cerca de 10%. Consequência: a energia excedente tem de ser estocada como depósitos de gordura na barriga, abdome, coxas e nádegas. Assim, as formas da mulher mais velha ficam arredondadas e flácidas. Além dessa armadilha natural, a mulher perde, em média, 130 gramas de massa muscular por ano, a partir dos 30. Ou seja, mais de 1 kg de músculo por década, que acaba substituído por gordura. Outro percalço é que parte do tecido ósseo começa a ser mais absorvido a partir dos 30. E os ossos podem ficar mais fracos. Esse processo ganha, de maneira geral, ainda mais força a partir da menopausa, trazendo risco de osteoporose (rarefação óssea). A musculação pode dar uma outra direção a essa história: é uma das atividades que mais rapidamente provocam mudança física evidente: em cerca de três meses, já é possível perceber seus efeitos, diz a professora de musculação da academia Runner e personal trainer Meres Amorim de Freitas. A musculação produz um aumento da massa muscular, revertendo o processo natural de perda desse tecido. Além disso, o músculo é um tecido metabolicamente muito ativo, ou seja, quem tem mais músculo pode "queimar" mais facilmente as calorias. O trabalho com pesos também estimula uma maior absorção de cálcio pelos ossos (formação de tecido ósseo), retardando ou diminuindo o impacto da menopausa. Mas há senões. O cardiologista do Centro Olímpico de São Paulo e presidente da Sociedade Paulista de Medicina Esportiva, Claudio Baptista, diz que a musculação deve ser encarada como complemento às demais atividades físicas, e que deve ser feita com baixos pesos e moderação. Para Claudio Baptista, a musculação não deve ultrapassar de 15% a 20% das atividades físicas diárias da mulher. Os outros 80% do tempo devem ser aplicados em alongamentos, exercícios aeróbicos (bicicleta, caminhadas, corridas, natação) e ginástica localizada. Baptista recomenda que os pesos fiquem, no máximo, em torno dos 3kg a 4 kg, que o aumento das cargas seja progressivo e que a mulher não faça esforço exagerado. A professora Meres também acredita que a musculação é um ótimo remédio contra a dificuldade de manter o peso ideal, a flacidez e a perda da auto-estima. No entanto, segundo ela, algumas precauções são essenciais. A professora explica que toda atividade de musculação deve ser supervisionada por um especialista, que pode evitar posturas incorretas, excesso de carga e lesões. "O corpo fica definido muito mais rápido. É impressionante como em dois ou três meses você já percebe as mudanças." Essa é a opinião da empresária Cláudia Passos Moreira, 42, dois filhos (de 17 e de 15) e uma das adeptas da musculação. Cláudia faz atividades físicas regulares há mais de 15 anos e resolveu acrescentar os exercícios com peso na sua rotina nos últimos quatro anos. Hoje em dia, ela faz 45 minutos de atividade aeróbica, 45 minutos de musculação e 30 minutos de abdominais ou alongamento, de segunda a quinta. De sexta a domingo, Cláudia descansa. "As mulheres da minha idade que não fazem musculação têm uma dificuldade muito maior de manter o corpo em forma. É claro que prefiro as aulas de ginástica, que são muito mais animadas. A musculação é chata, é monótona, é repetitiva, mas acho que é o que faz a diferença." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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