São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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Prefeito de Recife medita para governar

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O prefeito de Recife, João Paulo (PT), anunciou a criação, em 2003, de um "meditódromo" próximo ao seu gabinete para que ele possa "continuar a governar a cidade com as forças invencíveis da natureza".
Adepto da meditação transcendental, o prefeito, quarto colocado na pesquisa Datafolha sobre as administrações das capitais, dedica atualmente cerca de uma hora por dia à busca da paz interior.
De manhã, João Paulo passa 45 minutos meditando em casa, sozinho. Na sessão da tarde, às 17h, ele é acompanhado por cerca de dez integrantes do primeiro escalão. Pensando em aumentar esse número, ele anunciou a criação do meditódromo em 2003.
Essa será a segunda alteração promovida pelo petista nas instalações da prefeitura motivada pelo seu estilo zen de governar. Logo após a posse, há dois anos, João Paulo mudou sua mesa de lugar, direcionando-a para o leste, para o mar, onde nasce o sol.
Mas é no lado oposto, nos morros, que o prefeito diz ter feito algumas das ações que o levaram a obter o crescimento de popularidade apontado na pesquisa: a remoção de 3.200 famílias que viviam em áreas de risco.
Essas famílias recebem R$ 151 por mês a título de auxílio-moradia. O benefício será pago até que recebam novas casas, entregues em regime de concessão por tempo indeterminado. "Foi a forma que encontramos de evitar que vendam o imóvel e retornem aos morros", disse o prefeito.
João Paulo destacou ainda os investimentos municipais na educação, com a antecipação em um ano do início da vida escolar, o aumento de vagas nas escolas, a contratação de professores, além do trabalho desenvolvido pelo seu ex-secretário e futuro ministro da Saúde, Humberto Costa.
Segundo o petista, programas desenvolvidos em Recife, como a "Urgência Odontológica" e a "Academia da Cidade", que transforma praças públicas em academias de ginástica com acompanhamento profissional, poderão ser implantados a nível nacional pelo futuro ministro. "Em 2003, com Lula no governo, vamos quadruplicar nossas ações", diz.
A oposição, entretanto, reclama que o prefeito abandonou serviços públicos básicos, como tapar os buracos das ruas. Campanhas com adesivos foram feitas denunciando o suposto abandono. João Paulo nega o descaso e diz que os buracos que existem foram feitos por órgãos estaduais.
Segundo ele, bocas-de-lobo rebaixadas pelo acúmulo das camadas de asfalto também dão a impressão de que a cidade está esburacada. "No próximo ano vamos mandar levantar essas tampas."
João Paulo disse que a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), não obteve ainda bom desempenho nas pesquisas porque enfrenta "dificuldades maiores" que as dele. "São Paulo é do tamanho de um país, com um grande contraste social. É um desafio enorme para quem recebeu uma prefeitura quebrada", declarou.



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