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Prefeito de Recife medita para governar
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O prefeito de Recife, João Paulo
(PT), anunciou a criação, em
2003, de um "meditódromo" próximo ao seu gabinete para que ele
possa "continuar a governar a cidade com as forças invencíveis da
natureza".
Adepto da meditação transcendental, o prefeito, quarto colocado na pesquisa Datafolha sobre as
administrações das capitais, dedica atualmente cerca de uma hora
por dia à busca da paz interior.
De manhã, João Paulo passa 45
minutos meditando em casa, sozinho. Na sessão da tarde, às 17h,
ele é acompanhado por cerca de
dez integrantes do primeiro escalão. Pensando em aumentar esse
número, ele anunciou a criação
do meditódromo em 2003.
Essa será a segunda alteração
promovida pelo petista nas instalações da prefeitura motivada pelo seu estilo zen de governar. Logo
após a posse, há dois anos, João
Paulo mudou sua mesa de lugar,
direcionando-a para o leste, para
o mar, onde nasce o sol.
Mas é no lado oposto, nos morros, que o prefeito diz ter feito algumas das ações que o levaram a
obter o crescimento de popularidade apontado na pesquisa: a remoção de 3.200 famílias que viviam em áreas de risco.
Essas famílias recebem R$ 151
por mês a título de auxílio-moradia. O benefício será pago até que
recebam novas casas, entregues
em regime de concessão por tempo indeterminado. "Foi a forma
que encontramos de evitar que
vendam o imóvel e retornem aos
morros", disse o prefeito.
João Paulo destacou ainda os investimentos municipais na educação, com a antecipação em um
ano do início da vida escolar, o
aumento de vagas nas escolas, a
contratação de professores, além
do trabalho desenvolvido pelo seu
ex-secretário e futuro ministro da
Saúde, Humberto Costa.
Segundo o petista, programas
desenvolvidos em Recife, como a
"Urgência Odontológica" e a
"Academia da Cidade", que
transforma praças públicas em
academias de ginástica com
acompanhamento profissional,
poderão ser implantados a nível
nacional pelo futuro ministro.
"Em 2003, com Lula no governo,
vamos quadruplicar nossas
ações", diz.
A oposição, entretanto, reclama
que o prefeito abandonou serviços públicos básicos, como tapar
os buracos das ruas. Campanhas
com adesivos foram feitas denunciando o suposto abandono. João
Paulo nega o descaso e diz que os
buracos que existem foram feitos
por órgãos estaduais.
Segundo ele, bocas-de-lobo rebaixadas pelo acúmulo das camadas de asfalto também dão a impressão de que a cidade está esburacada. "No próximo ano vamos
mandar levantar essas tampas."
João Paulo disse que a prefeita
de São Paulo, Marta Suplicy (PT),
não obteve ainda bom desempenho nas pesquisas porque enfrenta "dificuldades maiores" que as
dele. "São Paulo é do tamanho de
um país, com um grande contraste social. É um desafio enorme para quem recebeu uma prefeitura
quebrada", declarou.
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