São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ex-policiais são suspeitos de assassinatos de policiais

Ministério Público investiga existência de grupo de matadores de aluguel

Preço cobrado por homicídio varia de R$ 30 mil a R$ 50 mil, de acordo com as apurações do Gaeco

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Um grupo de cerca de dez ex-policiais militares e civis de São Paulo é investigado sob a suspeita de cometer assassinatos encomendados a um custo que varia de R$ 30 mil a R$ 50 mil por trabalho.
O Ministério Público Estadual acredita que os crimes estejam ligados a jogos de azar, como bingos, caça-níqueis e o jogo do bicho. As vítimas seriam tanto policiais e ex-policiais que combatiam a prática ilegal como os que participavam dos esquemas.
Um dos investigados já afirmou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), informalmente, que o grupo era chefiado pelo ex-PM Luiz Roberto Martins Gavião, 49.
Nos anos 90, Gavião foi sócio em uma empresa de segurança particular do ex-delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury, demitido da polícia paulista em junho por irregularidades administrativas. Gavião foi intimado a depor, mas sumiu e está foragido.
Já Fleury, de acordo com o promotor Marcelo Alexandre Oliveira, é investigado sob a suspeita de ser o agenciador dos crimes do grupo. Ele ainda não foi intimado para falar e nega ligação com o caso.
O Gaeco suspeita que todos os investigados por pertencer ao grupo de matadores trabalharam na empresa de Fleury e Gavião como seguranças. Entre eles, está o ex-PM Jairo Ramos dos Santos, 40, acusado de ser o executor das mortes por encomenda. Santos está preso.

ROUBO DE ARMAS
O Gaeco diz ter recolhido boa parte das evidências contra o grupo a partir da investigação do roubo de 119 armas de um centro de treinamento de tiros particular de Ribeirão Pires, em 2009.
Quando foi preso, Jairo dos Santos estava em um hospital após ter sido baleado em um tiroteio com o policial civil Douglas Yamashita. O Ministério Público sabe que Gavião ajudou Jairo dos Santos nesse assassinato.
À Polícia Civil Jairo dos Santos confessou a morte de oito pessoas -três policiais civis e até empresários.
Ao apurar essas mortes, o Gaeco descobriu que seis de oito homicídios dos quais o grupo é suspeito foram cometidos com um fuzil calibre .223. O mesmo fuzil que Jairo dos Santos usou para matar dois policiais civis foi usado na morte de quatro PMs.
Os dois policiais civis, além de Douglas Yamashita, ajudavam na investigação do roubo do arsenal.
À época no Denarc (departamento de narcóticos), o então delegado Fleury abriu investigação sobre o roubo e acusou o ex-PM Wellington Gonçalves Torquato, 38, pelo crime. Torquato era inimigo de Gavião, afirma o Gaeco, e foi morto em 31 de março.
Para achar Torquato, Fleury levantou sua ficha de dados pessoais, assim como fez com os dados do policial civil José Carlos dos Santos, segundo o Gaeco.
A morte de Torquato, um dia após a de José dos Santos, ainda não foi esclarecida.


Texto Anterior: Eduardo Andraus Gassani (1948-2010): Educou gerações em Uberlândia
Próximo Texto: Telefonemas comprometem ex-PM suspeito
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.