São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

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Cúpula da PM do Rio cai após ato de policiais por reajuste

Autorizados por comandante, PMs fizeram passeata em rua vizinha à do governador

Secretário de Segurança definiu a manifestação como uma insubordinação e disse que o comando não "assumiu as rédeas"

ITALO NOGUEIRA
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

A cúpula da Polícia Militar do Rio foi demitida ontem, após o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ter definido como "insubordinação" manifestação de PMs, no domingo, pedindo reajuste salarial em rua vizinha à que mora o governador Sérgio Cabral (PMDB), no Leblon, zona sul.
A manifestação havia sido comunicada ao coronel Ubiratan Ângelo, comandante da PM, sem que seus integrantes fossem demovidos da idéia de realizar a passeata.
Ângelo e Samuel Dionísio, chefe do Estado Maior, foram exonerados ontem e outros oito coronéis afastados de cargos de confiança. Na avaliação da Secretaria de Segurança, o comando da PM não "tomou as rédeas do processo".
Assume o comando da corporação o coronel Gilson Pitta Lopes, chefe do Serviço Reservado da PM. O coronel Antônio Carlos Suarez David, chefe do 1º Comando de Policiamento da Capital, assume a chefia do Estado Maior. Eles tomam posse amanhã.
A "gota d'água" para a exoneração da cúpula da PM foi a passeata realizada no domingo, quando cerca de 300 policiais, entre eles vários oficiais, participaram de um protesto nas praias de Leblon e Ipanema pedindo aumento de salário.
A passeata iria inicialmente até a casa do governador, na rua Aristides Espíndola, no Leblon, o que não aconteceu.
"Durante todo o ano de 2007 se permitiu, se conversou [sobre aumento salarial]. Recebi essas pessoas aqui, fui aos quartéis conversar com eles. Acho que deveríamos dar um limite nisso aí", disse Beltrame.
Ele afirmou que faltou "apoio" ao coronel Ubiratan, que saiu em férias após a exoneração e não foi encontrado para comentar o caso.
O novo comandante da PM, Gilson Pitta, no entanto, assinou uma carta do Grupo dos Barbonos -referência ao antigo nome da rua Evaristo da Veiga, onde fica o quartel-general da corporação-, formado por coronéis que reivindicam melhorias nas condições de trabalho da PM, afirmando que o aumento de 4% no salário anunciado em agosto era "indigno".
O policial do Rio recebe o segundo pior salário do país -à frente apenas ao da PM alagoana. O PM em início de carreira no Rio recebe R$ 874. Um coronel recebe cerca de R$ 7.300.
O coronel Ubiratan desgastou-se com a cúpula do governo ao não exonerar o coronel Paulo Ricardo Paúl, ex-corregedor interno, por incentivar a mobilização dos policiais e afirmar que "baixos salários tornam policiais presas fáceis de corruptos ativos".
Paúl foi transferido para a Diretoria de Ensino e Instrução, responsável pela formação de praças e oficiais e organização de cursos de aperfeiçoamento. Apesar de não ser uma unidade operacional, é um cargo bem visto na corporação.
O novo comandante geral da corporação disse que a PM passa por um momento difícil, mas que existe solução para tudo. "Estamos aqui para resolver os problemas. Nada é insolúvel."


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