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Cúpula da PM do Rio cai após ato de policiais por reajuste
Autorizados por comandante, PMs fizeram passeata em rua vizinha à do governador
Secretário de Segurança definiu a manifestação como uma insubordinação e disse que o comando não "assumiu as rédeas"
ITALO NOGUEIRA
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
A cúpula da Polícia Militar do
Rio foi demitida ontem, após o
secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, ter definido
como "insubordinação" manifestação de PMs, no domingo,
pedindo reajuste salarial em
rua vizinha à que mora o governador Sérgio Cabral (PMDB),
no Leblon, zona sul.
A manifestação havia sido
comunicada ao coronel Ubiratan Ângelo, comandante da
PM, sem que seus integrantes
fossem demovidos da idéia de
realizar a passeata.
Ângelo e Samuel Dionísio,
chefe do Estado Maior, foram
exonerados ontem e outros oito coronéis afastados de cargos
de confiança. Na avaliação da
Secretaria de Segurança, o comando da PM não "tomou as
rédeas do processo".
Assume o comando da corporação o coronel Gilson Pitta Lopes, chefe do Serviço Reservado da PM. O coronel Antônio
Carlos Suarez David, chefe do
1º Comando de Policiamento
da Capital, assume a chefia do
Estado Maior. Eles tomam posse amanhã.
A "gota d'água" para a exoneração da cúpula da PM foi a passeata realizada no domingo,
quando cerca de 300 policiais,
entre eles vários oficiais, participaram de um protesto nas
praias de Leblon e Ipanema pedindo aumento de salário.
A passeata iria inicialmente
até a casa do governador, na rua
Aristides Espíndola, no Leblon,
o que não aconteceu.
"Durante todo o ano de 2007
se permitiu, se conversou [sobre aumento salarial]. Recebi
essas pessoas aqui, fui aos quartéis conversar com eles. Acho
que deveríamos dar um limite
nisso aí", disse Beltrame.
Ele afirmou que faltou
"apoio" ao coronel Ubiratan,
que saiu em férias após a exoneração e não foi encontrado
para comentar o caso.
O novo comandante da PM,
Gilson Pitta, no entanto, assinou uma carta do Grupo dos
Barbonos -referência ao antigo nome da rua Evaristo da Veiga, onde fica o quartel-general
da corporação-, formado por
coronéis que reivindicam melhorias nas condições de trabalho da PM, afirmando que o aumento de 4% no salário anunciado em agosto era "indigno".
O policial do Rio recebe o segundo pior salário do país -à
frente apenas ao da PM alagoana. O PM em início de carreira
no Rio recebe R$ 874. Um coronel recebe cerca de R$ 7.300.
O coronel Ubiratan desgastou-se com a cúpula do governo
ao não exonerar o coronel Paulo Ricardo Paúl, ex-corregedor
interno, por incentivar a mobilização dos policiais e afirmar
que "baixos salários tornam policiais presas fáceis de corruptos ativos".
Paúl foi transferido para a Diretoria de Ensino e Instrução,
responsável pela formação de
praças e oficiais e organização
de cursos de aperfeiçoamento.
Apesar de não ser uma unidade
operacional, é um cargo bem
visto na corporação.
O novo comandante geral da
corporação disse que a PM passa por um momento difícil, mas
que existe solução para tudo.
"Estamos aqui para resolver os
problemas. Nada é insolúvel."
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