São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

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Informal, alerta evita tragédia em cidade de SC

Empresário avisou sobre cheia de rio

RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A MIRIM DOCE (SC)

Às 23h45 de sexta-feira, 21 de janeiro, o empresário Orli Adriano ligou para a prefeita da pequena Mirim Doce (237 km de Florianópolis) para avisar que uma chuva sem precedentes caía sobre sua casa no alto da Serra Velha, a 40 km da área urbana, e que deveria encher em poucas horas o normalmente calmo rio Taió, que corta a cidade.
Durante a madrugada, foi disparado um sistema de alerta baseado em telefonemas, boca a boca entre vizinhos e o único policial militar da cidade circulando com um megafone aos gritos de "salvem suas vidas".
Por volta das 6h do sábado, com a população acordada, a correnteza do rio invadiu a cidade, levou casas e carros e deixou tudo debaixo de até dois metros de água. Ninguém morreu nem ficou gravemente ferido.
Com apenas 2.500 habitantes, Mirim Doce é a única cidade afetada pelas chuvas em Santa Catarina que decretou estado de calamidade pública. As estimativas iniciais são de R$ 12 milhões em prejuízos, parte deles nas lavouras de arroz de uma cidade que se intitula a "capital do melhor arroz".
"Foi um tsunami em terra firme", relata o vereador Valdir Mengarda (PT).
Ele atribui a ausência de mortes à enxurrada ter chegado de manhã: "Se fosse duas horas antes, metade do povo teria morrido".

LAMA
A Folha esteve na cidade anteontem. Com lama por todo lado, Mirim Doce exalava cheiro de peixe podre. Uma cobra morta chegou a ser achada dentro dos restos de um computador. Sem serviços funcionando, a população depende do posto de donativos para comer e beber.
Doações vieram até do Rio, recente palco de tragédia.
O rio Taió ainda apresentava uma forte correnteza e árvores inteiras retorcidas nas margens devastadas.
Edilaine Novaes, 21, grávida, conta que conseguiu fugir com a mãe e duas crianças enquanto o rio vinha em sua direção. "Parecia um tapete desenrolando."
O padre foi resgatado do telhado de casa em colchão de ar. A Serra Velha, de onde partiu o alerta amigo que evitou a tragédia, continua com 40 famílias isoladas e é abastecida por helicópteros.
Moradores dizem que tiveram mais prejuízos porque demoraram a acreditar no alerta informal, já que Mirim Doce nunca havia sido atingida por enchentes.


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