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Empresa diz que propôs realocar índios em fazenda de Itanhaém
DA ENVIADA ESPECIAL A PERUÍBE
O diretor de desenvolvimento da LLX, José Salomão Fadlalah, afirma que a empresa propôs aos índios realocá-los numa fazenda em Itanhaém, cidade vizinha a Peruíbe.
"A área em que eles estão não
é indígena, não está demarcada. Hoje eles não têm nem sequer água potável no local. Oferecemos uma fazenda com mata, dois rios, cachoeira e possibilidade de caça", diz o diretor.
Ainda segundo ele, a fazenda
já tem 100 mil pés de palmito
plantados, além de serralheria
e marcenaria. "Não gostaríamos de dar salário, mas de fazer
um plano para que eles consigam se manter com a estrutura
oferecida", diz.
A aldeia está dividida com a
proposta. Doze famílias afirmam que aguardam a demarcação da terra e que não vão negociar de forma nenhuma com a
LLX. "Estamos batalhando para demarcar [a área]", diz o cacique Aua-dju, 48, mais conhecido como Pitotó.
Segundo ele, se não sair a demarcação, a negociação será
com a Funai (Fundação Nacional do Índio), e não com a empresa. "Eu não nasci aqui, nasci
na aldeia Bananal, também em
Peruíbe. Mas essa é uma área
tradicional dos índios. Uma índia vive aqui há 60 anos. E sempre usamos a área para trânsito
e coleta de maracujá, caju.
Também há cemitérios indígenas na terra", afirma o cacique.
O pajé Guaíra também teme
perder a posse da área. "Se não
lutarmos pela terra, o que nossos filhos e netos vão pensar?"
Ele lamenta a divisão da aldeia
por conta do empreendimento.
"Somos um grupo só."
Outra parte da tribo, entretanto, admite que tenta negociar com a empresa. Eles afirmam que a LLX ainda não lhes deu nada e que a negociação está estagnada no momento.
"Eles não cumpriram nada
até agora", afirma Fabíola dos
Santos Cirino, 25, vice-diretora
da escola estadual indígena.
A professora de pré-escola
Lilian Gomes, 42, afirma que os
índios acham difícil vencer
uma empresa tão poderosa e rica e que aceitaram negociar para não "sair sem nada" caso tenham de deixar a terra.
"Eles ofereceram uma fazenda com escola, posto de saúde e
uma compensação financeira.
Mas a fazenda não tinha casas
suficientes para todos", diz ela.
A reportagem questionou de
quanto seria a "compensação
financeira", mas as índias disseram que o valor não chegou a
ser determinado.
Após conversar com a Folha,
a professora saiu com sua turma de alunos, de três a seis
anos, para um passeio numa
trilha de mata em direção à
praia. Os estudantes se integram naturalmente ao ambiente -pisam em poças, sobem em
galhos, rolam na grama e fazem
estrelas e cambalhotas na
areia. "As crianças adoram pegar abricó nas árvores", conta.
Uma das alunas explica à reportagem que a semente da
fruta serve para fazer brincos e
colares. Já na praia, os estudantes brincam de roda e cantam "se eu fosse um peixinho e
soubesse nadar..."
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