São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Empreendimento custará R$ 6 bilhões e terá ilha artificial

Proximidade do porto de Santos traz oferta de mão-de-obra; malha ferroviária e rodovias facilitam acesso de cargas

Com 18,5 m de profundidade no local, ilha artificial pode comportar navios de grande porte; em Santos, atracam apenas os de médio porte

DA ENVIADA ESPECIAL A PERUÍBE

Peruíbe foi escolhida pela empresa LLX para receber o porto de R$ 6 bilhões por sua localização e estrutura de acesso. "Vamos construir o porto no Estado de São Paulo, no coração do país. Nós encontramos em Peruíbe uma área com dimensões adequadas para receber um empreendimento desse porte", afirma o diretor de desenvolvimento da empresa, José Salomão Fadlalah.
O fato de estar localizado a 70 km do porto de Santos é um facilitador, segundo a LLX. "Podemos usar mão-de-obra, como despachantes, que está acostumada a fazer esse tipo de trabalho na Baixada Santista", diz o diretor.
Para transportar as cargas que serão movimentadas no porto devem ser usados a malha ferroviária (hoje a linha férrea que passa no terreno está desativada) e o acesso rodoviário pela rodovia Padre Manoel da Nóbrega.
O plano de trabalho da empresa prevê a criação de uma ilha artificial a 3 km da praia -dessa forma, a profundidade no local deve chegar a 18,5 m e será possível a atracação de navios de grande porte. Santos, por exemplo, recebe hoje navios de porte médio.
Haverá espaço para abrigar 11 navios ao mesmo tempo. A ilha e os pontos de atracação serão protegidos das ondas por quebra-mares -que podem alterar o ambiente local. A ilha será ligada ao continente por uma ponte, o que permitirá o acesso da carga por caminhões e esteiras transportadoras.
Para conseguir efetivamente implantar o empreendimento, a empresa precisará, primeiro, fazer um Eia-Rima (estudo e relatório de impacto ambiental), o que deve levar dez meses. Se o Eia-Rima for aprovado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, a construção do complexo portuário levará três anos para ser concluída.
De acordo com o engenheiro João Acácio Gomes de Oliveira Neto, presidente da DTA Engenharia, responsável pela elaboração do estudo de impacto ambiental, o cancelamento da audiência pública deve atrasar o processo.
"Não consigo entender por que foi suspensa a audiência, que é um instrumento democrático e legítimo. Mas trabalho em projetos de dezenas de portos no país e acredito que o Porto Brasil seja possível de concretizar", afirmou.
A empresa LLX não encara o porto de Santos, hoje o principal do país, como um concorrente. "É como comparar os aeroportos de Congonhas e Guarulhos [o primeiro na capital paulista, e o segundo, na Grande SP], que têm uma complementaridade. O porto de Santos continuará sendo muito importante", diz Fadlalah.
De acordo com a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Santos atualmente é o porto brasileiro que movimenta o maior valor. Já o porto de Tubarão (ES) é o que movimenta a maior carga, com destaque para o minério de ferro.
O ministro Pedro Brito do Nascimento, da Secretaria Especial de Portos, disse à Folha que ainda não recebeu formalmente o projeto do Porto Brasil, mas que conhece a idéia do complexo portuário para Peruíbe. "É claro que vamos analisar toda iniciativa privada com muita atenção."
Ele afirmou, entretanto, que têm sido feitos investimentos no porto de Santos que permitirão o aumento de sua capacidade. Segundo ele, foi contratado com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), de R$ 1,3 milhão, um estudo para a ampliação.
O ministro diz ainda que há um programa de dragagem para aprofundar o canal -hoje com cerca de 13 m- para 15 m. Dessa forma, Santos também poderá receber navios de grande porte. De acordo com a Codesp (estatal que administra o porto de Santos), há obras de construção de duas avenidas perimetrais para melhorar o acesso ao porto. O objetivo das obras é duplicar a capacidade do local, que hoje opera cargas que representam 26% da balança comercial do país.
(AFRA BALAZINA)


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