São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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MEGAINCÊNDIO 2
Condições ruins de visibilidade restringem pousos e decolagens na capital de RR; viajantes usam ônibus e balsa
Acesso a Boa Vista se torna uma 'loteria'

Sérgio Lima/Folha Imagem
Bombeiros de Mnaus apagam foco de incêndio dentro da mata, em local de difícil acesso; o caminho foi aberto por trator do exécito


ANDRÉ LOZANO
enviado especial a Roraima

Chegar e sair de Boa Vista se tornou uma loteria. A fumaça impede que os vôos saiam no horário programado e, por isso, passageiros têm de aguardar nos hotéis e nas casas uma possível confirmação, que ocorre somente se a intensidade da fumaça diminuir.
Já o passageiro que escolhe a outra alternativa de transporte, viajar de ônibus, tem de apostar na sorte para não enfrentar uma fila de até sete horas nos dias de semana na balsa da BR-174 que, ao sul, liga Boa Vista a Manaus.
A Varig, única empresa aérea de grande porte que opera a linha Manaus-Boa Vista, está oferecendo ônibus para os passageiros que queiram enfrentar 13 horas de viagem entre as duas capitais.
O transporte na balsa está prejudicado porque a estiagem no Estado reduziu drasticamente o volume de água do rio Branco e, por isso, a embarcação tem que fazer as viagens com um número menor de veículos para não encalhar.
O transporte de passageiros pelo rio Branco quase não existe.
Ontem, ocorreu uma chuva rápida e fraca por volta das 13h em um trecho entre Caracaraí, onde funciona a balsa, e Mucajaí. Em Boa Vista, o ar continua seco, e o céu, enfumaçado.

Última hora
A incerteza sobre as condições atmosféricas está obrigando as pessoas que querem deixar a cidade de avião a decidir na última hora se cancelam os compromissos fora de Boa Vista ou se enfrentam a viagem de ônibus até Manaus. Nesse trajeto não há nenhum restaurante.
Funcionários da Listel, que estavam havia 30 dias em Boa Vista para fazer o levantamento dos números de telefone para o novo catálogo de Roraima, fizeram a segunda opção -fretaram um ônibus e não esperaram por uma eventual confirmação do vôo.
"Não vamos arriscar ficar mais um dia aqui", disse a funcionária Edinete Chagas, 48, antes de embarcar no ônibus fretado.
Na balsa de Caracaraí, o agricultor Antônio José da Silva, 18, levava ontem na caçamba de sua Pampa uma vaca amarrada. "Vou levá-la para a outra margem do rio para fugir do incêndio."
Na sexta-feira, Boa Vista ficou ilhada. A balsa quebrou e os vôos não saíram. Nesse dia, uma tripulação da Varig teve de ser "resgatada" por um avião Bandeirante fretado, que a levou para Manaus.


Colaborou Altino Machado, da Agência Folha em Boa Vista


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