São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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EDUCAÇÃO
MEC quer tornar cursos de graduação mais flexíveis

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

Tornar a estrutura dos cursos de graduação mais flexível é o principal objetivo de uma reforma que o Ministério da Educação está começado a realizar em todo o país.
A primeira etapa do processo, já em andamento, consiste em uma série de discussões que estão sendo realizadas por universidades, faculdades e outras instituições de ensino superior. Elas têm prazo até 29 de maio para apresentar à Sesu (Secretaria de Ensino Superior) suas sugestões para reformulação dos currículos.
As sugestões serão encaminhadas às 38 equipes de especialistas contratadas pela Sesu, que vão formular as diretrizes curriculares para todos os cursos de graduação. A partir das diretrizes, as instituições terão liberdade para estruturar os cursos de graduação como quiserem.
Conforme as propostas ficarem prontas, elas serão submetidas à aprovação do Conselho Nacional de Educação. "A ambição é fechar o processo de homologação dos currículos até o final do ano. Em algumas áreas, em que a discussão está mais avançada, isso deve ser possível", diz Rubens de Oliveira Martins, assessor do Departamento de Política do Ensino Superior.

Mudanças
A idéia central é substituir a atual estrutura curricular, baseada em disciplinas e em cargas horárias fixas, por outro modo de organização, como por exemplo um sistema de módulos.
Os conteúdos e as cargas horárias obrigatórios devem corresponder, no máximo, a 50% do total a ser cumprido pelos alunos.
A mudança -que é válida para as instituições públicas e particulares- é possível por causa da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que prevê a flexibilização na organização de cursos e carreiras.
Na prática, isso significa liberdade para as instituições montarem os cursos como acharem mais adequado, abrindo a possibilidade de criação de cursos de graduação mais curtos. Esta é uma tendência que já existe em outros países.
"É preciso abrir possibilidades para que as instituições possam fazer alterações nos currículos de modo que os profissionais formados por elas possam acompanhar a evolução do conhecimento", diz Eunice Durham, membro do Conselho Nacional de Educação.

Defasagem
A iniciativa agrada às instituições, que vêem nela a possibilidade de formar um profissional mais adequado ao mercado de trabalho.
"Existem currículos, como o da área de pedagogia, que têm quase 30 anos e estão defasados", diz Gabriel Rodrigues, presidente da Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de São Paulo).
A pró-reitora Acadêmica da Universidade São Judas Tadeu, Ana Maria Altenfelder Mesquita Meirelles, acha que existem distorções a serem corrigidas. "Não faz sentido manter o curso de contabilidade em cinco anos como é hoje. A carga horária atual cabe perfeitamente em quatro anos. Há profissões, como a de contabilista, que precisam ser repensadas. O mercado mudou."



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