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"Era como uma guerra"
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Foram os 15 minutos mais tensos dos meus 23 anos de vida. Na
parte baixa do morro do Alemão,
ao lado do comandante-geral da
Polícia Militar, Francisco Braz,
me senti como se estivesse em
meio a uma guerra.
Tiros eram disparados por traficantes em direção ao nosso grupo,
formado por policiais e jornalistas. Os PMs também atiravam e
lançavam bombas de efeito moral. Tudo isso ao meu lado.
Desesperada, corri para trás de
uma barraca de camelô, mas percebi que continuava na linha de
tiro. Em disparada, atravessei a
avenida em frente à favela, com a
cabeça entre os braços, sem me
importar com os carros.
Enquanto me escondia atrás de
um poste, o repórter-fotográfico
Alexandre Campbell, da Folha,
era feito de escudo por moradores
que desciam o morro e temiam
ser alvos dos policiais. A troca de
tiros durou cerca de 15 minutos.
Antes do tiroteio, Campbell e eu
já havíamos passado por um momento de muita tensão, quando
ficamos presos entre moradores
enfurecidos e policiais armados,
perto do local onde estava o corpo
do menino Marcelo Apolinário.
Só conseguimos sair quando o comandante da PM passou por ali.
Tivemos sorte. Temo que algo
de muito grave possa vir a ocorrer
com um jornalista incumbido de
acompanhar situações de violência nas favelas fluminenses.
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