São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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"Era como uma guerra"

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Foram os 15 minutos mais tensos dos meus 23 anos de vida. Na parte baixa do morro do Alemão, ao lado do comandante-geral da Polícia Militar, Francisco Braz, me senti como se estivesse em meio a uma guerra.
Tiros eram disparados por traficantes em direção ao nosso grupo, formado por policiais e jornalistas. Os PMs também atiravam e lançavam bombas de efeito moral. Tudo isso ao meu lado.
Desesperada, corri para trás de uma barraca de camelô, mas percebi que continuava na linha de tiro. Em disparada, atravessei a avenida em frente à favela, com a cabeça entre os braços, sem me importar com os carros.
Enquanto me escondia atrás de um poste, o repórter-fotográfico Alexandre Campbell, da Folha, era feito de escudo por moradores que desciam o morro e temiam ser alvos dos policiais. A troca de tiros durou cerca de 15 minutos.
Antes do tiroteio, Campbell e eu já havíamos passado por um momento de muita tensão, quando ficamos presos entre moradores enfurecidos e policiais armados, perto do local onde estava o corpo do menino Marcelo Apolinário. Só conseguimos sair quando o comandante da PM passou por ali.
Tivemos sorte. Temo que algo de muito grave possa vir a ocorrer com um jornalista incumbido de acompanhar situações de violência nas favelas fluminenses.



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