São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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AMBIENTE

Ministério Público Federal avaliará depósitos da Rhodia

Área contaminada na Baixada Santista volta a ser investigada

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Mais de 20 anos depois da descoberta dos primeiros depósitos clandestinos, a deposição no solo da Baixada Santista de resíduos industriais tóxicos pertencentes à multinacional Rhodia voltou a ser alvo de investigação.
Embora estejam em execução as sentenças judiciais referentes a duas ações civis públicas movidas pelo Ministério Público Estadual, que obrigaram a Rhodia a desenvolver um plano de recuperação das áreas contaminadas, o Ministério Público Federal instaurou neste ano um novo procedimento de apuração do caso.
Segundo o procurador da República Antonio José Daloia, o objetivo é verificar se foram adequadas as ações adotadas pela Rhodia para controlar a poluição química, se ainda há risco à saúde pública e se existem outros depósitos clandestinos, além dos dez descobertos entre 1978 e 1990 em Cubatão, São Vicente e Itanhaém.

Outro lado
A Rhodia aposta no êxito de uma experiência de tratamento biológico por meio de fungos para conseguir eliminar, em prazo ainda não estimado, os resíduos tóxicos remanescentes.
Parte do material (cerca de 70 mil toneladas) foi incinerado na fábrica de Cubatão até 1993, ano em que a unidade sofreu interdição. Outra parte (33 mil toneladas) está numa estação de espera, em São Vicente. Ainda existe lixo industrial nos dez depósitos clandestinos da Baixada.
A Rhodia também promoveu, por meio da aplicação de uma cobertura de argila compactada, o "envelopamento" das camadas de solo contaminado, de maneira a evitar a infiltração de líquidos com poluentes no lençol freático.
O projeto de tratamento biológico, feito em parceria com o Instituto de Botânica, está em fase de testes de campo e começou o recolhimento de cerca de 300 fungos nativos da região. Desses, foram selecionados dois, um dos quais se mostrou capaz, em testes laboratoriais, de eliminar o hexaclorobenzeno por degradação à razão de 20% a cada 60 dias, segundo o consultor da Rhodia Plínio de Souza Carvalho.



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