São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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Em Bauru, já são 88 crianças intoxicadas

ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

O resultado de novos exames feitos em 23 crianças que moram perto do setor de metalurgia da fábrica de baterias Acumuladores Ajax, de Bauru, mostrou que há 13 crianças com índice acima de 10 microgramas de chumbo por decilitro de sangue, o aceitável de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
No total, já são 88 crianças contaminadas. O excesso de chumbo no sangue pode provocar anemia crônica, alterações no crescimento e problemas renais e neurológicos, como retardo mental.
A fábrica foi interditada em janeiro pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), e em março por decisão judicial. A Direção Regional de Saúde de Bauru e o Departamento de Saúde Coletiva, da Secretaria Municipal da Saúde, pretendem coletar sangue de todas as crianças de até 12 anos e gestantes que moram em um raio de um quilômetro do setor de metalurgia.
Uma das crianças examinadas foi levada às pressas na segunda-feira passada para o Hospital das Clínicas de Botucatu. Seu exame mostrou índice de 90 microgramas de chumbo por decilitro de sangue. "Os médicos foram lá em casa e disseram que minha filha teria que ser internada. Minha mulher pediu para esperar até quarta, e eles disseram que não dava", disse o frentista Ismael Teles Honorato, 27, pai de Ismairiane, de um ano e quatro meses.
Segundo os médicos, a situação da menina é clinicamente estável. Ela está sendo submetida a vários exames e sendo medicada com EDTA (ácido etilodiaminotetracético). O frentista afirmou que vai acionar a empresa na Justiça.

Outro lado
Segundo sua assessoria, a Ajax aguardará a orientação dos órgãos de saúde e acatará todas as suas determinações, como o pagamento dos tratamentos das crianças contaminadas, se for o caso. Em relação ao caso de Ismairiane, a assessoria disse ter sido informada de que a família do frentista se mudou para o Jardim Tangará apenas em janeiro deste ano, depois que o setor de metalurgia havia sido interditado. Segundo Ismael Honorato, ele morou muito tempo perto da fábrica, mudou-se por causa do mau cheiro e retornou no final de 2001, antes, portanto, da interdição.



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