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SANEAMENTO
Município visa lucro de empresa com o serviço, diz dirigente; prefeitura afirma que companhia investe pouco na cidade
Para Sabesp, projeto de Marta é arrecadatório
DA REPORTAGEM LOCAL
Arrecadar mais. Para o secretário de Estado de Energia e Recursos Hídricos e presidente da Sabesp (empresa estadual de saneamento), Mauro Arce, é esse o objetivo da Prefeitura de São Paulo
ao propor a lei que lhe dá a titularidade sobre os serviços de água e
esgoto e o poder de interferir no
seu planejamento, operação e na
fixação das tarifas públicas.
A verba extra para o caixa municipal poderia vir de duas formas, diz Arce. A primeira seria a
cobrança pela concessão dos serviços, via licitação, à própria Sabesp ou outra empresa privada.
A segunda seria um "truque" no
artigo 28, que diz ser possível conceder os serviços sem licitação para uma empresa de capital misto
que tenha o município como sócio. Para o secretário, a prefeitura
dá "um recado direto" de que
quer ser dona de parte da Sabesp.
Segundo Arce, o interesse do
município se deve ao fato de a Sabesp ter lucro de R$ 40 milhões
em relação ao primeiro trimestre.
André Castro, chefe da assessoria da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana, qualificou
as declarações do secretário como
"conjecturas". "O projeto de lei
não permite essa leitura", disse.
Ao enviar o projeto para o Legislativo, dia 16, a prefeitura comprou uma briga com a companhia
estadual. O município acusa a Sabesp de não investir o suficiente
em São Paulo, que representa
60% do lucro da empresa. Segundo a Sabesp, do total de investimentos, nos últimos sete anos,
54% foram para a capital.
"Vamos municiar nossos vereadores [PSDB" e, se o projeto passar [a prefeitura tem maioria na
Câmara", vamos entrar na Justiça", disse Arce. Há cerca de dois
anos, a Sabesp ganhou disputa semelhante em Santos. O argumento foi que, como a cidade fica numa região metropolitana e não
produz a própria água, não poderia ser titular do saneamento. A situação é a mesma na capital.
A titularidade é uma polêmica
nacional. Para Arce, apenas os
municípios que já investiram na
estrutura de saneamento podem
se considerar titulares, o que não
ocorreu em São Paulo, cujo sistema é operado pelo Estado desde
1893. "Se, apesar de tudo isso, a
prefeitura ainda quiser ser a concedente, ela que pague."
O vereador Gilberto Natalini (PSDB) considerou o projeto de
lei uma "retaliação" à Sabesp por causa da disputa em relação à cobrança de 5% de ISS (Imposto Sobre Serviços) pelo fornecimento de água. Nessa primeira batalha, a
Sabesp saiu ganhando. Conseguiu, semana passada, uma liminar suspendendo o imposto, que tinha sido aprovado no fim do
ano passado pelos vereadores.
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