São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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PASSEI POR ISSO

Meu casamento quase foi para o brejo

Tive uma vida normal até os 17 anos, quando descobri que estava grávida e o meu namorado terminou comigo. Minha mãe também não aceitou minha gestação e ameaçou me colocar para fora de casa. Por conta da situação, da pressão, os sintomas da narcolepsia começaram a aparecer.
Passei a sentir muito sono e os médicos me diziam que era normal com a gestação. Quando o bebê nasceu, tentava dar de mamar, mas sempre dormia, era incontrolável. Passei a ter crises de sono na sala de aula e os professores achavam que era falta de respeito. Parei os estudos.
Comecei a trabalhar em uma seguradora e perdi o emprego porque precisava tirar um cochilo a cada duas horas. Era vista como desatenta, preguiçosa. Mas eu não sabia o que tinha.
Eu me casei, e os problemas continuaram. Eu dormia normalmente a noite toda, mas continuava com muito sono durante o dia. Não conseguia cuidar da casa, uma vez dormi de repente com a panela no fogo e fui acordada pelo meu filho de seis anos, por causa de um princípio de incêndio. Meu casamento quase foi para o brejo.
Além disso, eu tinha crises de cataplexia logo após a relação sexual. Não conseguia me movimentar, apesar de estar consciente. Comecei a me cobrar, era como uma bola de neve. Só descobri a minha doença em 2000, depois de nove anos sofrendo.
Hoje tomo quatro comprimidos de anfetamina diariamente. Apesar de saber que não é a cura para a doença, posso dizer que tento levar uma vida normal.


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