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PASSEI POR ISSO
Meu casamento quase foi para o brejo
Tive uma vida normal
até os 17 anos, quando
descobri que estava grávida e o meu namorado
terminou comigo. Minha mãe também não
aceitou minha gestação e ameaçou me colocar para fora de casa. Por conta da situação, da
pressão, os sintomas da narcolepsia começaram a aparecer.
Passei a sentir muito sono e os
médicos me diziam que era normal com a gestação. Quando o
bebê nasceu, tentava dar de mamar, mas sempre dormia, era
incontrolável. Passei a ter crises
de sono na sala de aula e os professores achavam que era falta
de respeito. Parei os estudos.
Comecei a trabalhar em uma
seguradora e perdi o emprego
porque precisava tirar um cochilo a cada duas horas. Era vista como desatenta, preguiçosa.
Mas eu não sabia o que tinha.
Eu me casei, e os problemas
continuaram. Eu dormia normalmente a noite toda, mas
continuava com muito sono durante o dia. Não conseguia cuidar da casa, uma vez dormi de
repente com a panela no fogo e
fui acordada pelo meu filho de
seis anos, por causa de um princípio de incêndio. Meu casamento quase foi para o brejo.
Além disso, eu tinha crises de
cataplexia logo após a relação
sexual. Não conseguia me movimentar, apesar de estar consciente. Comecei a me cobrar, era
como uma bola de neve. Só descobri a minha doença em 2000,
depois de nove anos sofrendo.
Hoje tomo quatro comprimidos de anfetamina diariamente.
Apesar de saber que não é a cura
para a doença, posso dizer que
tento levar uma vida normal.
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