São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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entrevista

Faltam bons médicos, diz chefe do Sírio

DA REPORTAGEM LOCAL

O médico sanitarista Gonzalo Vecina, superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, diz que sente no dia-a-dia a falta de qualificação dos médicos. O Sírio-Libanês recentemente abriu 18 vagas para a rede de saúde da prefeitura, mas não conseguiu preencher todas. "Não encontramos bons médicos", explica ele, que foi secretário municipal de Saúde na gestão Marta Suplicy (PT). A seguir, trechos da entrevista. (RW)

 

FOLHA - O que o sr. pensa do mau desempenho dos cursos de medicina do país?
GONZALO VECINA -
A qualidade da formação médica caiu vertiginosamente nos últimos anos, muito em função da instalação de faculdades de medicina em condições inadequadas para seu funcionamento, sem professores preparados e sem campo de estágio adequado para receber esses alunos.

FOLHA - O sr., como superintendente de um hospital, consegue sentir essa formação ruim dos médicos?
VECINA -
Temos acordos com a Prefeitura de São Paulo no gerenciamento de ambulatórios públicos. Há pouco tempo, abrimos uma seleção para contratar 18 médicos. Sobrou vaga. Não conseguimos preencher todas as vagas porque não encontramos bons médicos.

FOLHA - O que o sr. sente quando vê um médico que acaba de sair de uma faculdade ruim?
VECINA -
Ele não é culpado. Ele buscou sua formação, pagou uma universidade privada. O problema está na instituição, que não trilhou o caminho certo, e está também no Estado [poder público], que não exigiu qualidade da universidade.

FOLHA - Deveria haver uma prova para que os médicos exerçam a medicina, como ocorre com o direito, que tem o exame da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]?
VECINA -
Tem cabimento o Estado permitir que se forme um profissional porcaria e depois reprovar o sujeito na prova e impedi-lo de trabalhar? Pelo menos na medicina, o correto é o Estado intervir antes, e não depois.


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