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Entidades médicas defendem o veto à ampliação de vagas
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A fiscalização mais intensa
do MEC nos cursos de medicina atende a uma antiga reivindicação de entidades médicas,
que defendem uma medida
ainda mais radical: o veto à ampliação de vagas na área.
Defendida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela
Associação Médica Brasileira
(AMB), por exemplo, a tese é
que há médicos suficientes no
Brasil -ou até em excesso.
As entidades ligam a expansão do número de cursos, iniciada há cerca de dez anos, à
queda na qualidade no ensino,
apontada pelos dados do MEC.
"Os dados mostram que não
precisamos de mais vagas.
Além disso, se mantida a lógica
dos últimos anos, aumentaremos o número de médicos mal
preparados", disse o presidente
do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo),
Henrique Carlos Gonçalves.
Um dos trabalhos sobre o número de médicos no país, assinado pelo CFM e pela AMB,
destaca que a Organização
Mundial da Saúde estabelece
como adequada a proporção de
um médico para cada mil habitantes. No país, a proporção era
de 1 médico para cada 622 habitantes em 2005.
O trabalho, chamado "Abertura de Escolas de Medicina no
Brasil - Relatório de um Cenário Sombrio", foi encaminhado
ao Ministério da Educação para
pedir maior controle no setor.
"O excedente de mão-de-obra, ao fazer prevalecer a lei da
oferta e da procura, traz reflexos danosos à política salarial
aplicada à classe médica, bem
como aos honorários médicos",
aponta o relatório.
O relatório também aponta
desigualdade na distribuição
dos médicos no país. No Rio de
Janeiro, proporcionalmente,
havia três vezes mais médicos
do que no Maranhão.
"Precisamos é criar condições para que os médicos sejam
atraídos para os locais deficitários", disse Gonçalves.
A pesquisadora Sônia Miriam Draibe, da Unicamp, discorda da tese. "Entendo que seja necessário formar mais médicos. As filas no SUS e a última
crise no Rio [ocasionada pela
dengue] mostram isso. Mas é
claro que os cursos precisam
ter qualidade."
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