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País terá lista unificada para adoção de crianças
Objetivo é agilizar processos de adoção, que em alguns casos chegam a 4 anos
Cadastro, lançado ontem pelo Conselho Nacional de Justiça, deverá reunir dentro de seis meses os dados de crianças de todos os Estados
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o objetivo de agilizar a
adoção no país, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lançou
ontem o Cadastro Nacional de
Adoção (CNA), que irá unificar
e cruzar os dados dos Estados
brasileiros, tanto em relação às
crianças a serem adotadas, como sobre os interessados em
participar do processo.
As informações começaram a
ser computadas ontem e, dentro de seis meses, devem reunir
a totalidade dos dados hoje presentes nas varas da infância e
adolescência dos Tribunais de
Justiça de cada Estado.
Com as informações, o CNJ
-em parceria com a Secretaria
Especial de Direitos Humanos
da Presidência da República
(Sedh)- pretende mapear onde estão os principais entraves
que atrasam o processo.
O envio dos dados é obrigatório, segundo resolução do CNJ,
e o sistema deverá ser atualizado a cada nova criança ou novo
pretendente que chegar aos tribunais. Daqui a seis meses, portanto, espera-se que um casal
do Paraná, por exemplo, que
pretende adotar uma criança
com um determinado perfil,
possa encontrá-la no Norte,
sem precisar pesquisar em cada
Estado individualmente.
"Hoje, existe uma demanda
muito grande para crianças recém-nascidas, loiras e de olhos
azuis. Para encontrar uma
criança assim, casais precisam
esperar de três a quatro anos",
disse Francisco Oliveira Neto,
membro do comitê gestor de
implementação do CNA.
"Queremos mostrar que
existe um grande número de
crianças de outros perfis e de
pessoas que buscam esses perfis. Saberemos, por exemplo,
com precisão, quem quer adotar adolescentes."
A coleta de informações também pretende resolver um problema de falta de dados oficiais.
O governo não sabe, hoje, o número de crianças a serem adotadas no Brasil nem quantos
são os candidatos a pais.
O governo trabalha com dados de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), de 2004, feito em
abrigos federais. O estudo mostrou que cerca de 80 mil crianças e jovens vivem nos abrigos e
que 10%, cerca de 8.000, estariam prontos para a adoção.
De acordo com Benedito dos
Santos, representante da Sedh
no lançamento do CNA, "o sistema também vai ajudar a padronizar os processos legais e
auxiliar o governo a desenvolver uma política governamental de adoção". "Hoje, muita
gente do exterior tem vindo ao
país para adotar crianças brasileiras. E, com a falta de um sistema nacional e integrado,
muitos estrangeiros passavam
na frente de brasileiros, que deveriam ter a preferência."
Segundo a juíza Andréa Maciel Pachá, integrante do CNJ e
uma das coordenadoras do cadastro, o sistema também permitirá um "maior controle e
fiscalização do Judiciário". "Saberemos a partir de agora a real
situação dos processos de adoção no país", disse.
Segundo Francisco Oliveira,
poucos Estados já podem cadastrar suas informações. "É o
caso de Santa Catarina, Paraíba, São Paulo e Rio Grande do
Sul, que já contam com sistemas unificados estaduais e só
precisam transferi-los."
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