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Servidor do BC é acusado de matar mendigos
José Cândido do Amaral Filho disse, segundo a polícia, ter se irritado com "atos libidinosos" praticados em praça de Brasília
Os dois homens foram assassinados na praça do Índio, onde há 12 anos o pataxó Galdino Jesus foi morto por adolescentes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um funcionário do Banco
Central confessou ter matado
dois moradores de rua em Brasília, segundo a polícia. O crime
ocorreu em 19 de janeiro na
praça do Índio, local em que há
12 anos o pataxó Galdino Jesus
dos Santos foi morto por adolescentes. A confissão, disse a
polícia, foi feita anteontem.
José Cândido do Amaral Filho tem dois filhos e uma enteada. Ficha limpa, salário de R$ 11
mil mensais, ele é aficionado
por armas e assuntos militares.
Possui brevê de piloto, emitido em 1983, e uma coleção de
armas e munição que herdou
de seu pai, que já foi campeão
paulista de tiro.
A polícia disse que ele confessou ter usado um revólver calibre 38 para disparar três tiros
que mataram, acertando a cabeça, os dois homens, Paulo
Francisco de Oliveira Filho, 35,
e Raulhei Fernandes Mangabeiro, 26.
A defesa de Amaral confirma
todas as declarações, e afirma
que ele sofre de problemas psicológicos.
Amaral não tinha porte de armas. Aprendeu a atirar com o
pai e aprimorou a técnica numa
escola de tiro perto de casa.
Ele afirmou ter conseguido a
arma do crime ao trocar com
uma mais antiga.
O crime aconteceu na manhã
de 19 de janeiro. Amaral disse à
polícia que na noite anterior
viu os dois moradores de rua
trocando carícias, enquanto
andava pela praça com os filhos. Sua casa fica a cerca de
200 metros do lugar.
A presença dos moradores de
rua, segundo depoimento prestado à polícia, já o incomodava
havia algum tempo.
Amaral afirmou no depoimento não conseguiu dormir à
noite pensando nos "atos libidinosos" dos dois.
O estopim do ataque teria sido o suposto roubo de uma tocha que tinha em seu jardim.
"Depois disso, o sangue subiu à
cabeça", disse em entrevista,
segundo publicou ontem o jornal "Correio Braziliense".
Segundo o depoimento,
Amaral foi à praça por volta das
6h30, com uma moto Falcon
que tinha alugado, e matou os
dois homens.
Depois do crime, foi para
uma região distante do local,
para comprar um capacete, e
encontrou o estabelecimento
fechado. Mas jogou no telhado
da loja o revólver e outros objetos usados no crime.
Três dias depois, para despistar, registrou ocorrência simulando furto da moto. "Foi um
tiro no pé", definiu ele na entrevista. No registro policial, ele
informou a hora exata do suposto furto, o que despertou
suspeitas dos policiais. Foi autuado anteontem em flagrante
por porte ilegal de armas.
Além da investigação sobre
duplo homicídio, a polícia de
Brasília também apura outras
suspeitas que teriam sido insinuadas em um diário de sua
mulher, entre elas que Amaral
seria usuário de drogas.
Amaral está em prisão temporária, decretada pela Justiça.
A polícia fará o pedido de mais
30 dias de prisão, alegando periculosidade.
De acordo com Martha Vargas, delegada que investiga o
caso, há duas testemunhas do
crime que ainda devem prestar
depoimento.
(SOFIA FERNANDES)
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