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Enterro no Rio tem tiros e agressão
da Sucursal do Rio
Tiros foram disparados da favela
Águia de Ouro contra policiais que
vigiavam o cemitério de Inhaúma
(zona norte do Rio) uma hora antes do início do enterro de José Rogério Soares, suposto líder dos traficantes da favela do Jacarezinho.
Policiais militares de três batalhões invadiram a Águia de Ouro,
vizinha ao cemitério, mas não
conseguiram encontrar os autores
dos disparos.
Segundo a PM (Polícia Militar), a
quadrilha de traficantes da Águia
de Ouro era aliada do bando que
Soares, o Rogerinho, supostamente comandava no Jacarezinho (zona norte).
Realizado às 15h30, o enterro de
Rogerinho foi tenso. Além do tiroteio, diversas pessoas apedrejaram
jornalistas.
Rogerinho, 32, era apontado pela polícia como um dos mais poderosos traficantes em atividade no
Rio. Anteontem de manhã, ele e
mais oito suspeitos de integrar a
quadrilha de traficantes do Jacarezinho foram mortos por PMs.
Três mortos foram enterrados
no cemitério São Francisco Xavier
(Caju, zona norte): José Patrício
Pereira, 24, Márcio dos Santos
Monteiro, 22, e José Wilson Alves
dos Santos, 24. Em Inhaúma, também foi enterrado Ronaldo Lourenço da Silva, 34.
No Caju, moradores do Jacarezinho atiraram pedras e agrediram
jornalistas. O fotógrafo Carlo Wrede, do "Jornal do Brasil", foi derrubado a chutes e teve parte do
equipamento roubado. Ele feriu
pernas e braços.
Por causa dos tumultos no Caju,
a PM montou um esquema especial de segurança para o enterro de
Rogerinho.
O cemitério de Inhaúma foi ocupado por 65 PMs dos batalhões do
Méier, Tijuca e Rocha Miranda
(zona norte). Dez PMs usavam
roupas comuns e conseguiram se
aproximar das cerca de 150 pessoas que acompanharam o enterro. Por ordem do chefe da operação, coronel Joel Domingos, não
houve prisões.
"Há mulheres e crianças aqui.
Não queremos botar a vida de inocentes em risco. Uma prisão pode
resultar em confusão. O importante é que a operação no Jacarezinho
foi repleta de êxito. Só morreram
marginais", afirmou o coronel.
Três ônibus da empresa Braso
Lisboa levaram moradores do Jacarezinho para o enterro. O clima
era de revolta. "Ele (Rogerinho)
era um pai para a gente", gritou
uma jovem para os jornalistas,
xingados de "urubus".
Alguns moradores foram armados ao cemitério. Um deles mostrou um revólver para os jornalistas. "Se chegar perto vai morrer",
avisou ele.
A sepultura de Rogerinho foi coberta com coroas de flores enviadas por "amigos de Bangu 2 (presídio de segurança máxima na zona norte do Rio)" e moradores da
favela Parque União e do morro
São João.
Colaboraram Fernanda da Escóssia e Roni Lima, da Sucursal do Rio
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