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SAÚDE
Só 36% dos 4.300 médicos entrevistados em pesquisa preocupam-se com o diagnóstico de disfunção erétil em seus pacientes
Estudo revela "desatenção" a problema sexual
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico não pergunta durante a consulta e o paciente tenta resolver o problema sexual sozinho,
principalmente no balcão da farmácia. Segundo estudo sobre disfunção erétil divulgado ontem em
São Paulo, apenas 36% dos médicos avaliados investigam a saúde
sexual de seus pacientes frequentemente ou sempre.
A investigação deveria fazer
parte das consultas médicas, ainda mais no caso dos profissionais
avaliados na pesquisa.
Foram ouvidos 4.300 médicos,
principalmente clínicos gerais
(41,1%), cardiologistas (18,8%)
-pois a disfunção erétil é também um sinalizador de problemas no coração -e urologistas
(12,7%). "O paciente entra e sai da
consulta e é perdida a oportunidade do diagnóstico. Comparo à
era pré-Aids, quando ninguém
perguntava sobre o comportamento sexual", afirma Edson
Duarte Moreira Júnior, pesquisador-associado da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) na Bahia e
um dos responsáveis pelo estudo.
A disfunção erétil se caracteriza
por uma incapacidade persistente
para obter e manter uma ereção
adequada para uma relação sexual. Dos 71.503 pacientes que
responderam a questionários do
estudo Avaliar, mais da metade
mostrou ter problemas de ereção
-resultado que, segundo os pesquisadores, é semelhante ao encontrado em pesquisas anteriores
no país e fora do Brasil.
O uso de remédios foi a resposta
mais frequente quando os pacientes foram questionados sobre o
que faziam para combater a dificuldade de ereção. Segundo o estudo, 53,3% usaram medicamento, mas apenas 36,1% buscaram
ajuda médica. Falar com a parceira foi outra resposta frequente.
Do total de avaliados, 31,2% sofriam de hipertensão arterial e
18,1% tinham colesterol alto.
Financiamento
O projeto Avaliar tem o financiamento do laboratório Pfizer,
produtor do Viagra, droga contra
a disfunção erétil líder de mercado. A empresa não informou
quanto gasta em pesquisas nessa
área e na de outras doenças, mas
calcula faturar US$ 60 milhões
por ano com a venda de seu remédio. Planeja abocanhar mais 30%
do mercado em dois meses.
A divulgação do estudo ocorre
no momento em que a droga da
Pfizer passa a enfrentar dois concorrentes de peso, lançados recentemente: o Levitra (vardenafil), dos laboratórios Bayer e GlaxoSmithKline, e o Cialis (tadalafil), do laboratório Eli Lilly.
Assim como a Pfizer, as duas
empresas também investem pesado em estratégias de marketing.
De acordo com o laboratório e
os coordenadores do estudo
-além de Borges, a psiquiatra
Carmita Abdo, da Faculdade de
Medicina da USP-, o projeto
Avaliar é a maior pesquisa sobre
disfunção erétil já feita. A Sociedade Brasileira de Urologia também é realizadora do estudo.
A maioria dos homens com disfunção tinha o problema associado ao diabetes e a doenças do coração. O risco para problemas de
ereção, numa escala decrescente,
mostrou ser maior entre fumantes, seguidos dos sedentários e
dos que abusam do álcool. A mudança de hábitos é a melhor maneira de prevenir o problema.
As drogas de alto custo não são
sempre necessárias. Como diz
Abdo, a disfunção erétil é um
marcador de saúde, que pode ser
sinal de outros problemas, como
depressão. Só o diagnóstico médico pode apontar qual é a causa e a
melhor saída.
(FABIANE LEITE)
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