São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Pela 1ª vez, FAB indica falhas de controlador em acidente da Gol

Autorização de vôo dada aos pilotos do jato Legacy estava incompleta, afirma oficial da FAB à CPI do Apagão Aéreo

"Se tivessem sido cumpridas todas as regras, não teria acontecido o acidente", diz comandante de centro que investiga acidentes aéreos


LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo antes de concluir a investigação técnica do acidente do vôo 1907, a FAB (Força Aérea Brasileira) apontou ontem na CPI do Apagão Aéreo do Senado, pela primeira vez, uma série de falhas dos controladores de tráfego aéreo que poderia ter evitado a colisão entre o Legacy da ExcelAire e o Boeing da Gol, que deixou 154 mortos há oito meses.
Os oficiais do Cenipa (Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) também disseram que há "interesses escusos" de empresas estrangeiras por trás das críticas sobre os equipamentos e sistemas da FAB -a afirmação foi uma "desculpa esfarrapada" para os problemas no setor, disse o relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO).
Antes cautelosa sobre os erros de controladores, a FAB detalhou pelo menos três falhas e rebateu a defesa do controlador Jomarcelo dos Santos, denunciado por crime doloso.
"Se tivessem sido cumpridas todas as regras, não teria acontecido o acidente", disse o comandante do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul.
O chefe da investigação aeronáutica, coronel Rufino Ferreira diz que a autorização de vôo aos pilotos do Legacy estava incompleta. "A norma não foi cumprida pelo controlador."
Depois, afirmou que o sargento não tentou avisar o Legacy sobre a falha do transponder. E ainda repassou o turno ao sargento Lucivando de Alencar incorretamente.
A "indução ao erro", defesa de Jomarcelo, também foi rebatida. Primeiro, porque o Legacy avisou sua altitude antes de cruzar Brasília. Segundo, porque a mudança automática na tela do controlador foi considerada correta pela FAB.
Na CPI da Câmara há 12 dias, Rufino defendeu Jomarcelo: "A percepção daquele controlador era de que [o Legacy] estava a 360 [36 mil pés]".
Também falaram à CPI ontem os presidentes da TAM e da Gol, Marco Antônio Bologna e Constantino de Oliveira Júnior, que disse que a empresa já fechou acordo de indenização com 23 famílias de vítimas do acidente do vôo 1907.
O superintendente da Infraero (estatal que gerencia os aeroportos) em São Paulo, Edgard Brandão, questionado, não soube informar sobre denúncias de corrupção no órgão.


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