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Pela 1ª vez, FAB indica falhas de controlador em acidente da Gol
Autorização de vôo dada aos pilotos do jato Legacy estava incompleta, afirma oficial da FAB à CPI do Apagão Aéreo
"Se tivessem sido cumpridas todas as regras, não teria acontecido o acidente", diz comandante de centro que investiga acidentes aéreos
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo antes de concluir a
investigação técnica do acidente do vôo 1907, a FAB (Força
Aérea Brasileira) apontou ontem na CPI do Apagão Aéreo do
Senado, pela primeira vez, uma
série de falhas dos controladores de tráfego aéreo que poderia ter evitado a colisão entre o
Legacy da ExcelAire e o Boeing
da Gol, que deixou 154 mortos
há oito meses.
Os oficiais do Cenipa (Centro
Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) também disseram que há
"interesses escusos" de empresas estrangeiras por trás das
críticas sobre os equipamentos
e sistemas da FAB -a afirmação foi uma "desculpa esfarrapada" para os problemas no setor, disse o relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO).
Antes cautelosa sobre os erros de controladores, a FAB detalhou pelo menos três falhas e
rebateu a defesa do controlador
Jomarcelo dos Santos, denunciado por crime doloso.
"Se tivessem sido cumpridas
todas as regras, não teria acontecido o acidente", disse o comandante do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul.
O chefe da investigação aeronáutica, coronel Rufino Ferreira diz que a autorização de vôo
aos pilotos do Legacy estava incompleta. "A norma não foi
cumprida pelo controlador."
Depois, afirmou que o sargento não tentou avisar o Legacy sobre a falha do transponder. E ainda repassou o turno
ao sargento Lucivando de Alencar incorretamente.
A "indução ao erro", defesa
de Jomarcelo, também foi rebatida. Primeiro, porque o Legacy avisou sua altitude antes
de cruzar Brasília. Segundo,
porque a mudança automática
na tela do controlador foi considerada correta pela FAB.
Na CPI da Câmara há 12 dias,
Rufino defendeu Jomarcelo: "A
percepção daquele controlador
era de que [o Legacy] estava a
360 [36 mil pés]".
Também falaram à CPI ontem os presidentes da TAM e
da Gol, Marco Antônio Bologna
e Constantino de Oliveira Júnior, que disse que a empresa já
fechou acordo de indenização
com 23 famílias de vítimas do
acidente do vôo 1907.
O superintendente da Infraero (estatal que gerencia os
aeroportos) em São Paulo, Edgard Brandão, questionado,
não soube informar sobre denúncias de corrupção no órgão.
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