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Insosso, documentário sobre acidente só expõe divergências entre parentes
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A Tragédia do Vôo 1907",
documentário que o Discovery
Channel apresentou ontem para a imprensa e que leva ao ar
dia 10 de junho, às 20h, é tão insosso que serviu mais para revelar divergências entre os parentes das vítimas do que mostrar algo diferente sobre o desastre com o Boeing da Gol.
Alguns membros da Associação de Familiares e Amigos das
Vítimas do Vôo 1907 não gostaram de ser representados no
documentário apenas pelo presidente da entidade, Jorge André Cavalcante. Reclamam
também que não foram informados sobre o conteúdo do
programa, nem convidados para a sessão de ontem.
"Nos comunicaram que haveria um documentário sobre o
desastre, e descobrimos na sexta-feira que já estava pronto",
diz a vice-presidente da associação, Angelita de Marchi.
Ela diz que na associação estão todos "muito surpresos, inclusive com o Jorge". "Ele foi à
exibição para nos representar,
falar da nossa insatisfação, e
não para se emocionar. O celular dele agora está desligado."
A Folha deixou recado no celular de Cavalcante, mas não
obteve retorno. Angelita quer
que os parentes aprovem o documentário antes de ir ao ar.
A assessoria do canal não irá
enviar a fita para as famílias,
nem adiar a estréia. Considera
que a associação tem um presidente para representá-la.
O advogado Marcos Batelli,
especialista em direito de imagem e comunicação social, diz
que a queixa de Angelita "não
faz sentido". "Você pode produzir um documentário sem
falar com ninguém. Se é sobre
um jogo de futebol, não preciso
consultar todos os torcedores."
O curioso é que o documentário, em si, não vale tanta disputa. De uma produtora inglesa, é cheio de grafismos, imagens e dramatizações que já foram explorados, até melhor,
pelos noticiários de TV. Dura
uma hora e nada acrescenta ao
que já se sabe nem conclui coisa alguma. "Não é um documentário para jornalistas que
sabem sobre o desastre, é para
o assinante do Discovery", diz o
gerente de programação do canal, André Rossi.
Se a intenção era fazer um
programa de entretenimento,
faltou adrenalina. "Ih mané,
quê dê o 1907?", pergunta um
dos atores que interpretam um
controlador, em um das cenas
mais leves do programa.
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