São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Insosso, documentário sobre acidente só expõe divergências entre parentes

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A Tragédia do Vôo 1907", documentário que o Discovery Channel apresentou ontem para a imprensa e que leva ao ar dia 10 de junho, às 20h, é tão insosso que serviu mais para revelar divergências entre os parentes das vítimas do que mostrar algo diferente sobre o desastre com o Boeing da Gol.
Alguns membros da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907 não gostaram de ser representados no documentário apenas pelo presidente da entidade, Jorge André Cavalcante. Reclamam também que não foram informados sobre o conteúdo do programa, nem convidados para a sessão de ontem.
"Nos comunicaram que haveria um documentário sobre o desastre, e descobrimos na sexta-feira que já estava pronto", diz a vice-presidente da associação, Angelita de Marchi.
Ela diz que na associação estão todos "muito surpresos, inclusive com o Jorge". "Ele foi à exibição para nos representar, falar da nossa insatisfação, e não para se emocionar. O celular dele agora está desligado."
A Folha deixou recado no celular de Cavalcante, mas não obteve retorno. Angelita quer que os parentes aprovem o documentário antes de ir ao ar.
A assessoria do canal não irá enviar a fita para as famílias, nem adiar a estréia. Considera que a associação tem um presidente para representá-la.
O advogado Marcos Batelli, especialista em direito de imagem e comunicação social, diz que a queixa de Angelita "não faz sentido". "Você pode produzir um documentário sem falar com ninguém. Se é sobre um jogo de futebol, não preciso consultar todos os torcedores."
O curioso é que o documentário, em si, não vale tanta disputa. De uma produtora inglesa, é cheio de grafismos, imagens e dramatizações que já foram explorados, até melhor, pelos noticiários de TV. Dura uma hora e nada acrescenta ao que já se sabe nem conclui coisa alguma. "Não é um documentário para jornalistas que sabem sobre o desastre, é para o assinante do Discovery", diz o gerente de programação do canal, André Rossi.
Se a intenção era fazer um programa de entretenimento, faltou adrenalina. "Ih mané, quê dê o 1907?", pergunta um dos atores que interpretam um controlador, em um das cenas mais leves do programa.


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