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Brasil contraria OMS e ainda discute fumódromo
Regulamentação ainda não saiu, mesmo após país ter assinado tratado mundial
Países como Uruguai, Argentina e França já seguem orientação da Organização Mundial da Saúde, reforçada ontem
Lula Marques - 1.fev.2007/Folha Imagem
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Fumódromo da Câmara, em Brasília; Anvisa quer padronizar salas |
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas do Dia Mundial
Sem Tabaco, comemorado
amanhã, a OMS (Organização
Mundial da Saúde) divulgou
nota ontem recomendando o
banimento do fumo em ambientes de trabalho e lugares
públicos fechados.
"Não há nível seguro de exposição à fumaça do tabaco.
Muitos países já agiram. Peço a
todos os países que ainda não o
fizeram que dêem este passo
imediato para proteger a saúde
de todos", disse em nota a diretora da OMS, Margaret Chan.
Desde 1992, a organização considera o tabagismo doença.
O texto reforça a "Convenção
Quadro para o Controle do Tabagismo", o primeiro tratado
mundial de saúde pública, da
OMS, divulgado em 2005 após
quatro anos de discussão.
Apesar de ter sido signatário
do documento com outros 167
países, o Brasil contraria a organização e ainda discute a regulamentação de fumódromos.
Proposta da Anvisa nesse
sentido está em consulta pública (processo de discussão no
qual uma nova regulamentação
pode receber propostas e críticas da população) e vai na contramão de diversos países como EUA, Espanha, França, Itália, Irlanda, Uruguai e Argentina, que enrijeceram suas legislações contra o cigarro.
A proposta prevê a padronização de salas para fumantes,
com as seguintes condições: 1)
área mínima de 4,8 metros quadrados; 2) acesso único e sem
aberturas para o exterior; 3) separação dos demais ambientes
por divisão fixa; 4) portas automáticas; 5) pisos e paredes resistentes a lavagem freqüente.
Lei
O argumento da agência é o
de que uma lei federal de 1996
que proíbe o fumo em ambientes fechados faz a ressalva de
que a prática é liberada se houver espaço destinado a esse fim.
Toda alteração que contrarie
essa previsão poderia ser derrubada por liminares. Só uma
lei aprovada no Congresso poderia mudar a situação.
"A mudança da cultura leva
tempo, como também a mudança da lei, que é o caminho
mais longo. Hoje, a lei permite,
e a Anvisa só pode trabalhar
dentro da lei", diz Humberto
Coelho, gerente da divisão de
tabaco da Anvisa.
"O mais adequado seria a
proibição do fumo em ambientes fechados, qualquer que seja
ele. Acho pouco provável que
seja possível montar um sistema de confinamento dos fumantes em um ambiente fechado que seja seguro para o restante do espaço. Não há níveis
seguros para qualquer tipo de
exposição", disse à Folha o ministro da Saúde, José Gomes
Temporão.
Uma das maiores empresas
do setor, a Philip Morris diz
achar positiva a consulta pública e afirma que vai pedir participação no grupo de trabalho
para criação dos fumódromos.
"Como o fumo passivo causa
danos à saúde, tem de ser regulamentado", diz Leandro Conti, gerente de comunicação corporativa da Philip Morris.
Já Paula Johns, diretora da
ACT (Aliança de Controle do
Tabagismo), diz que a proposta
da Anvisa "encaixota" os fumantes e é um "retrocesso
diante dos avanços obtidos na
área de promoção da saúde".
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