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Denúncia por morte de filho surpreende pai, diz advogado
Biólogo que esqueceu o bebê dentro do carro esperava a suspensão do processo
Denunciado por homicídio culposo pelo Ministério Público, ele poderá pegar até
3 anos de prisão; caso ocorreu em 12 de abril deste ano
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O biólogo Ricardo César Garcia, 31, que em abril esqueceu o
filho no carro durante quase
quatro horas, causando a morte
da criança, ficou surpreso ao
saber que foi denunciado pelo
Ministério Público por homicídio culposo (sem intenção) e
que agora irá ao banco dos réus.
Segundo seu advogado,
Johnni Flávio Brasilino Alves,
ele estava tenso com a espera
da decisão e tinha esperança de
receber a suspensão condicional do processo -como ocorreu com Carlos Alberto Legal
Filho, que em 12 de abril de
2006 esqueceu o filho no carro,
levando a criança à morte.
"O Ricardo não esperava ser
denunciado pelo homicídio do
próprio filho, ele ficou surpreso", afirmou Alves. "Eu, como
advogado, sei que o posicionamento do Ministério Público é
imprevisível, mas esperava que
o Estado tivesse um pouco de
sensibilidade nesse caso. Foi
uma tragédia."
O promotor do caso, Ricardo
Manuel Castro, poderia oferecer ao acusado a suspensão
condicional do processo, mas
optou por oferecer denúncia
por achar que não havia razão
para isso (leia entrevista nesta
página). Se for considerado culpado, o biólogo pode pegar de
um a três anos de reclusão.
Alves afirma que a estratégia
da defesa, por enquanto, não
será pedir perdão judicial
-quando a Justiça reconhece
que houve crime mas que as
conseqüências deste foram tão
severas que não é necessária
uma pena. "Vamos pedir a absolvição porque ele não quis
matar o filho." O advogado
aguarda que a Justiça marque a
data do interrogatório, que deve ser realizado daqui a dois ou
três meses.
Na manhã do dia 12 de abril, o
biólogo esqueceu o filho de 1
ano e 4 meses dentro do carro
da família, em Guarulhos
(Grande São Paulo), por quase
quatro horas. Ao se lembrar do
garoto, encontrou-o desacordado e foi para o hospital. A
criança, porém, chegou morta,
com parada cardiorrespiratória
e temperatura acima dos 40 C.
Garcia estava nos primeiros
dias de férias e teve sua rotina
alterada, fatos que, segundo alguns psicólogos, podem explicar o esquecimento.
De acordo com o advogado,
Garcia não está dando entrevistas porque não tem condições
emocionais. "Ele e a esposa estão tendo acompanhamento
psiquiátrico e tomando medicamentos, mas Ricardo voltou
a trabalhar."
Desde a morte do filho, porém, o casal Garcia não retornou ao apartamento onde morava em Guarulhos. Assim como o imóvel, o carro da família
também está à venda. Amigos
do casal contam que os dois
ainda não começaram a se recuperar da perda do filho e que
a mãe da criança passa boa parte do dia dormindo.
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