São Paulo, sábado, 30 de maio de 2009

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AIM não comenta; representante de frigorífico admite depósito

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Marcos Antonio Ferreira, diretor da empresa AIM Comércio e representante em São Paulo dos produtos da Sadia e da Mabel, disse ontem, por e-mail, que não teve acesso à ação trabalhista proposta pelo advogado Sidney Melquíades de Queiroz.
O advogado citou Ferreira como um dos dois empresários que centralizavam as atividades das empresas contrárias à terceirização da merenda escolar nas prefeituras. Inúmeros e-mails de e para Ferreira foram anexados à ação.
A íntegra da nota do empresário: "Estamos elaborando defesa, quanto aos atos e fatos alegados, para ser apresentada ao juiz da vara trabalhista. Gostaria muito de lhe dar mais informações sobre o processo e, eventualmente, rebater seu conteúdo. No entanto, neste momento, não há possibilidade para isto. O processo foi retirado pela parte reclamante no dia 8 deste mês e ainda não foi devolvido. Portanto, não temos conhecimento das alegações do reclamante. Assim que tivermos acesso ao processo, teremos condições de lhe responder com mais precisão".
Também por e-mail, a assessoria de comunicação da Sadia informou: "A Sadia desconhece esse advogado e nunca contratou seus serviços. Portanto, não fez nenhum pagamento a ele. O atendimento da Sadia a órgãos públicos sempre representou uma parcela muito pequena das vendas da companhia: menos de 1% das vendas da Sadia no mercado interno".
O empresário Antonio Detoie, representante de frigoríficos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, também referido nos e-mails como um dos que ajudaram a pagar os serviços do advogado Queiroz, disse que ainda não foi citado na ação.
Detoie considerou "absurda" a ação. "É verdade que esse doutor Sidney, que não conheço pessoalmente, fez alguns trabalhos como advogado, nessa área, agindo contra editais que tinham irregularidades. Eram achadas e combatidas por ele. Se perguntar para mim, eu não faço a menor ideia."
Detoie disse que "houve realmente, muitos anos atrás, uma reunião inicial, na tentativa de se formar uma empresa, uma ONG, que tivesse um aspecto, que poderia juntar todas aquelas pessoas que tinham por princípio, que é o meu caso, ser contra a terceirização".
O empresário reconheceu ter feito pelo menos um depósito para "auxiliar" a atuação de Sidney. "Nós fizemos, sim, eu, Antonio, pessoa física, fiz, mas não sei se foi na conta do próprio Sidney. (...) Para que ele pudesse, como advogado, trabalhar na causa que é minha, ser contra a terceirização."
Mais adiante, ele afirmou que "o Sidney agia por conta própria, como advogado".
O advogado Queiroz disse que o fato de não registrar impugnações em nome das empresas, mas em seu próprio nome, não configura crime.
"Nas vezes em que sempre me encontrei com autoridades públicas, políticas ou também pessoas ligadas à mídia, sempre deixei bem claro que eu estava trabalhando, eu era remunerado para aquilo, e fazia aquilo em nome de certas empresas, com a cautela de não mencioná-las."
O deputado Sandro Mabel (PR-GO), da indústria de bolachas homônima, disse que as terceirizações estão causando danos ao patrimônio público. "Há uma série de denúncias e um estudo muito aprofundado mostrando as irregularidades", disse o deputado. Ele afirmou que nem ele nem sua empresa ajudaram a pagar o advogado.
Representantes das empresas Dunga, Biolac, CCM, Socom, Oderich e Cathita não foram localizados. Detoie representa as empresas ATV e Frisa.


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