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entrevista
Temor era perder mercado, diz advogado
DA REPORTAGEM LOCAL
Em entrevista à Folha na
última quinta, por telefone, o
advogado Sidney Melquíades de Queiroz disse que as
impugnações de editais de
prefeituras eram feitas em
seu nome, e não no das empresas, para evitar que elas
"sofressem retaliações".
Ele disse cobrar dívida de
R$ 30 mil em direitos trabalhistas. A seguir, trechos da
entrevista.
(RV)
FOLHA - Qual o objetivo de seu
trabalho?
SIDNEY MELQUÍADES DE QUEIROZ -
O objetivo maior era combater o avanço da terceirização.
Porque avançando a terceirização, eles perdem mercado.
Um mercado não combina
com o outro.
FOLHA - Por que era necessário
impedir a terceirização?
QUEIROZ - [Os clientes] são
empresas que apenas trabalham com o fornecimento do
produto, ou seja, só entrega o
arroz, o enlatado, o feijão, a
carne, e o próprio órgão prepara. Quando a administração faz a opção da terceirização, quer a alimentação
pronta. Aí eles [os clientes],
não atuando nessa área, perdem mercado. O trabalho era
para preservar esse mercado.
FOLHA - Na ação, o sr. diz ter feito 120 impugnações de editais.
Qual o balanço de seu trabalho?
QUEIROZ - Como era um
mercado que a gente não conhecia, ficou definido assim:
olha, todo e qualquer edital
de licitação, independentemente do município que for,
que soltasse um edital para
terceirizar a merenda, esse
edital deveria ser impugnado. Ou seja, para travar esse
mercado. E coletar dados para denunciar irregularidades, eventuais escândalos,
coisas desse tipo. A ideia era
sempre de combate.
FOLHA - De quem vinha a ordem, exatamente?
QUEIROZ - Era um grupo, um
consórcio de empresas, em
torno de 11, tem de Goiás, do
Rio Grande do Sul, que fornecem nos grandes centros,
São Paulo e Rio, se reuniram,
decidiram arrecadar valores
para bancar essa estrutura.
Mas era sempre comandado
por dois [nomes] específicos,
que ficavam em São Paulo.
(...) Eles prestavam contas
aos demais.
FOLHA - Nas impugnações, o sr.
quase sempre entrava como pessoa física.
QUEIROZ - Foi feito em meu
nome exatamente para preservar a questão desses
clientes na... Evitar retaliação comercial, evitar retaliação também nos próprios órgãos públicos. Via de regra os
prefeitos não gostam.
FOLHA - Foram as empresas que
pediram para preservar os nomes
delas?
QUEIROZ - Sim, sim. Havia essa preocupação. (...)
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