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Secretaria decide recolher mais 5 livros
Lista tem obra de poesias não indicada para a 3ª série, três outras por inadequação etária e uma por teor preconceituoso
Sindicância foi aberta para identificar os responsáveis pelos erros no processo de seleção e compra dos livros do projeto Ler e Escrever
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Estadual da
Educação anunciou ontem que
vai retirar do seu programa de
alfabetização outros cinco livros considerados inadequados
para os estudantes da rede.
O governo fez um pente-fino
nas 818 obras escolhidas para o
projeto Ler e Escrever, depois
de a Folha revelar que havia
ocorrido erro na escolha de ao
menos dois títulos.
Um deles, que possuía palavrões, foi retirado já no meio
deste mês. O outro ("Poesia do
Dia - Poetas de Hoje para Leitores de Agora"), a princípio,
apenas sairia do material da sala de aula da terceira série e iria
para as salas de leitura -para
estudantes mais velhos.
O título contém uma poesia
com ironias do tipo "nunca
ame ninguém. Estupre". Ontem, o governo anunciou que
retirará a obra das escolas por
inadequação à faixa etária.
Outros quatro títulos serão
retirados. Três dos quais também por inadequação etária:
"O Triste Fim do Menino Ostra
e Outras Histórias"; "Memórias Inventadas - A Infância"; e
"Manual de Desculpas Esfarrapadas: Casos de Humor".
A quinta obra será retirada
por conteúdo preconceituoso
("Um Campeonato de Piadas").
O governo estadual disse que
os livros "serão recolhidos imediatamente" das escolas.
Em nota, a pasta afirmou que
"o Ler e Escrever é responsável
pelo avanço na educação das
crianças, com o índice de alfabetização aos oito anos de idade passando de 87,4% para
90,2% entre 2007 e 2008 [segundo indicadores da Secretaria da Educação]".
Os livros atendem os alunos
das primeiras quatro séries do
ensino fundamental. Podem
ser utilizados pelos professores
nas salas de aula ou ficar nas
salas de leitura, sob supervisão
de um docente. A intenção é estimular as crianças a lerem.
Apuração
Uma sindicância interna foi
aberta para identificar as responsabilidades pelos erros no
processo de seleção e compra.
Questionado sobre onde havia ocorrido o problema, o secretário da Educação, Paulo
Renato Souza, afirmou anteontem: "No fato de não termos comissão formal de especialistas,
que deveria ter escrito um parecer sobre cada livro. É o que
faremos daqui para a frente, como eu fazia no Ministério da
Educação [na gestão FHC]".
Segundo o titular da área,
não foram praticados aspectos
formais de escolha (como pareceres para cada obra e observação das normas de seleção).
Sobre o Ler e Escrever, Paulo
Renato afirmou que "o programa é bom, necessário para a
aprendizagem das crianças".
Destacou que há mais de 800
"títulos bons". Segundo a coordenação do projeto, um estudante pode ter acesso a até 200
títulos num período de um ano.
A partir da próxima quarta-feira, a secretaria vai expor ao
público em sua sede (praça da
República, no centro de São
Paulo) os 812 livros que permaneceram no programa.
O Ministério Público também abriu investigação para
apurar se houve improbidade
administrativa (mau uso dos
recursos públicos) no caso.
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