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Mais 200 barragens podem se romper
Cálculo é de especialista que mapeou 7.000 barragens do país quando ocupava diretoria do Ministério da Integração
Estimativa é confirmada pelo presidente do Comitê Brasileiro de Barragens; os dois temem a repetição da catástrofe ocorrida no Piauí
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Ao menos outras 200 barragens no país correm o risco de
se romper e causar destruição
semelhante à provocada pelo
vazamento da Algodões 1, no
Piauí. É o que diz o especialista
em barragens Rogério Menescal, que trabalha na Ana (Agência Nacional de Águas).
Menescal, quando ainda era
diretor de Recursos Hídricos
do Ministério da Integração
Nacional, foi o responsável por
um mapeamento, via satélite,
de cerca de 7.000 barragens
(para todas as finalidades, elétricas e de abastecimento, por
exemplo) com ao menos 20
hectares de superfície de reservatório de água no Brasil.
Ele diz que há 200 sem manutenção, que podem causar
acidentes. Entre elas, há barragens tanto da União quanto estaduais, municipais e privadas.
"Essas barragens estão em condições similares à de Algodões,
precisando urgentemente de
reparos e de melhorias em seus
procedimentos de segurança."
Segundo Menescal, houve
rompimentos recentes, como
os das barragens de Altamira
(PA), que, em 12 de abril, não
suportaram as fortes chuvas e
inundaram a cidade, deixando
300 famílias desabrigadas.
Menescal diz que os Estados
com mais barragens no Brasil
são Ceará e Rio Grande do Sul.
O estudo iniciado por ele em
2004 para quantificar as barragens do país e os riscos que elas
podem apresentar não foi finalizado. O Ministério da Integração Nacional diz não saber se
houve continuidade no estudo.
Edilberto Maurer, presidente do Comitê Brasileiro de Barragens, diz que há, de fato, pelo
menos 200 barragens sob risco.
Segundo ele, as abandonadas
são as mais problemáticas.
"São barragens que nós chamamos de sem dono, porque
perderam sua finalidade. Não
tem ninguém controlando. Se
há uma cheia grande, tem que
ter alguém para abrir comportas e permitir vazamentos."
Para os especialistas, é difícil
fiscalizar as barragens por falta
de uma lei que as regule. Para
eles, o Congresso precisa aprovar o projeto que estabelece
"diretrizes para verificação da
segurança de barragens de cursos de água para quaisquer
fins", com alusão ao acidente da
barragem São Francisco, em
Miraí (MG), de onde 2 bilhões
de litros de água vazaram em
2007, atingindo sete cidades.
"Falta uma homogeneidade
no projeto, na construção e na
manutenção das barragens. É
uma soma de fatores que leva a
essa insegurança", diz Maurer.
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