São Paulo, sábado, 30 de maio de 2009

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Mais 200 barragens podem se romper

Cálculo é de especialista que mapeou 7.000 barragens do país quando ocupava diretoria do Ministério da Integração

Estimativa é confirmada pelo presidente do Comitê Brasileiro de Barragens; os dois temem a repetição da catástrofe ocorrida no Piauí

CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

Ao menos outras 200 barragens no país correm o risco de se romper e causar destruição semelhante à provocada pelo vazamento da Algodões 1, no Piauí. É o que diz o especialista em barragens Rogério Menescal, que trabalha na Ana (Agência Nacional de Águas).
Menescal, quando ainda era diretor de Recursos Hídricos do Ministério da Integração Nacional, foi o responsável por um mapeamento, via satélite, de cerca de 7.000 barragens (para todas as finalidades, elétricas e de abastecimento, por exemplo) com ao menos 20 hectares de superfície de reservatório de água no Brasil.
Ele diz que há 200 sem manutenção, que podem causar acidentes. Entre elas, há barragens tanto da União quanto estaduais, municipais e privadas. "Essas barragens estão em condições similares à de Algodões, precisando urgentemente de reparos e de melhorias em seus procedimentos de segurança."
Segundo Menescal, houve rompimentos recentes, como os das barragens de Altamira (PA), que, em 12 de abril, não suportaram as fortes chuvas e inundaram a cidade, deixando 300 famílias desabrigadas.
Menescal diz que os Estados com mais barragens no Brasil são Ceará e Rio Grande do Sul.
O estudo iniciado por ele em 2004 para quantificar as barragens do país e os riscos que elas podem apresentar não foi finalizado. O Ministério da Integração Nacional diz não saber se houve continuidade no estudo.
Edilberto Maurer, presidente do Comitê Brasileiro de Barragens, diz que há, de fato, pelo menos 200 barragens sob risco. Segundo ele, as abandonadas são as mais problemáticas.
"São barragens que nós chamamos de sem dono, porque perderam sua finalidade. Não tem ninguém controlando. Se há uma cheia grande, tem que ter alguém para abrir comportas e permitir vazamentos."
Para os especialistas, é difícil fiscalizar as barragens por falta de uma lei que as regule. Para eles, o Congresso precisa aprovar o projeto que estabelece "diretrizes para verificação da segurança de barragens de cursos de água para quaisquer fins", com alusão ao acidente da barragem São Francisco, em Miraí (MG), de onde 2 bilhões de litros de água vazaram em 2007, atingindo sete cidades.
"Falta uma homogeneidade no projeto, na construção e na manutenção das barragens. É uma soma de fatores que leva a essa insegurança", diz Maurer.


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