São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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Palmeiras se tornam marca das administrações petistas

DA REPORTAGEM LOCAL

As palmeiras se transformaram numa espécie de marca das administrações municipais petistas, de porte comparável ao de programas sociais como o Renda Mínima. Com uma diferença: são mais visíveis. Em cidades administradas pelo partido, como Piracicaba, Ribeirão Preto e Santo André, há fileiras de palmeiras imperiais.
Entre as obras urbanas, as de paisagismo são das mais rápidas de executar, além de baratas. O efeito psicológico de um novo jardim, dizem os especialistas, pode ser mais forte do que o de uma passarela, apesar de a última ter, aparentemente, mais utilidade.
Em Santo André, região do ABC paulista, a gestão do prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro, plantou palmeiras por toda a cidade. O nome do projeto era idêntico ao de São Paulo: Centros de Bairro. Uma das explicações pode ser o fato de o presidente da Emurb, Maurício Faria, ter sido o diretor de Desenvolvimento Urbano da cidade na época.
Lá, as palmeiras também motivaram polêmicas. A certa altura, o vereador de Santo André Ricardo Alvarez, do PT, enviou requerimento à prefeitura pedindo mais informações sobre as plantas e também sobre os "cemitérios" de árvores que se espalhavam pela cidade, onde ficavam as que não resistiram à pressa do transplante.
A resposta assinada por Daniel ao requerimento afirmava que o palmeiral começou a ser introduzido em Santo André em 1997 e que até aquele momento haviam sido gastos, pelo município, R$ 490 mil apenas com as plantas.
As palmeiras da cidade do ABC, apesar de imperiais como as de São Paulo, custaram bem menos. De acordo com resposta de Celso Daniel datada de abril de 2001, foi pago pelas plantas de R$ 100 a R$ 850 a unidade.
O mercado de plantas é como outro qualquer: as mais procuradas sobem de preço. O paisagismo petista, além de mudar rapidamente a cara das cidades administradas pela legenda, pode contribuir para inflacionar a cotação da imperial. "Para ser sincera, eu nem sabia que era possível comprar tantas ao mesmo tempo", diz a paisagista Rosa Grena Kliass.
As palmeiras têm efeito psicológico peculiar em um projeto, segundo os especialistas: denotam poder, exuberância e exotismo.
No Brasil, diz Felisberto Cavalheiro, da USP, as espécies estão muito híbridas. "É raro encontrar exemplares como os da praça Ramos, no centro de São Paulo. Aquelas são centenárias. Será difícil para as atuais atingir o mesmo efeito, a mesma plasticidade."


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