São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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FÉRIAS

Cuidados com a segurança e seleção de monitores viram armas para atrair pais que não podem viajar com os filhos em julho
Aumenta procura por acampamentos educativos em SP

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a chegada das férias escolares de julho, os pais que não têm folga nesta época do ano procuram uma forma de entreter as crianças. Uma opção bastante popular entre a classe média são os acampamentos educativos.
A alta do dólar e o trauma causado pelos atentados de 11 de setembro deixaram as viagens internacionais em segundo plano. Com isso alguns acampamentos registraram aumento de até 30% nas vendas em relação a 2001.
"Tivemos uma procura 20% maior em relação ao ano passado", diz Solange Pizzo, diretora de marketing do English Camp, em Itapetininga (a 163 km de SP), que oferece pacote de acampamento com atividades em inglês. A empresa, que também organiza intercâmbios e viagens de grupos para a Disney, teve queda de 25% nas vendas de viagens para os Estados Unidos, em comparação ao mesmo período de 2001.
A preocupação dos pais também cresceu. A violência nas cidades e os recentes casos de pedofilia lembraram os pais de que o perigo pode estar próximo.
Um exemplo é o caso do biólogo e monitor Leonardo Chaim, preso em 1999 a partir da denúncia do dono de um acampamento de Atibaia (a 60 km de SP). Ele foi condenado a 20 anos de prisão, em março do ano passado.
Antes de mandar os filhos para uma temporada, as preocupações sempre passaram pela alimentação, estrutura para emergências médicas e programação. Agora, a essas tradicionais dúvidas, foram incorporadas questões sobre segurança e capacitação dos profissionais para lidar com as crianças.
"Na primeira vez, tive medo principalmente em relação à segurança e aos monitores. Como o meu filho Iuri, de nove anos, gostou e não houve nenhum problema, neste ano vou mandar a Raiana, que tem seis anos", conta a professora Susane Sarfatti.
"Por causa da insegurança na cidade e das notícias sobre pedofilia, houve uma mudança no comportamento dos pais", afirma Marcelo Filippini, diretor da Fazenda Monjolinho, em Itirapina (a 213 km de SP).
"Hoje eles se preocupam desde com quem as crianças dormem nos quartos até o trajeto que o ônibus faz para chegar no local", completa Filippini.
A segurança é um tópico importante para os pais que procuram o acampamento Peraltas, em Brotas (a 245 km de SP).
"Eles querem saber onde os filhos vão ficar e quem são as pessoas que estarão com eles. Outros pontos que eles levantam se referem a drogas, bebidas, cigarro e namoro, que não permitimos", diz Marília Rabello, gerente-geral da empresa.
O acampamento Peraltas tem em seu site um "jornal" diário, que relata as atividades das crianças. Há também câmeras no refeitório e nas quadras para os pais que quiserem acompanhar os filhos pela internet.
Durante as temporadas de férias, o Sítio do Carroção, em Tatuí (a 129 km de SP), também divulga em seu site fotos das atividades que são realizadas diariamente.
A estrutura de segurança dos sítios inclui equipamentos típicos da cidade grande, com muros, câmeras e guaritas. "O acampamento tem oito quilômetros de muros", afirma Marília.

Sem fiscalização
Um levantamento da Abae (Associação Brasileira de Acampamentos Educativos) apontou a existência de cerca de 70 estabelecimentos do gênero no Estado de São Paulo, sem contar os locais que têm orientação religiosa.
Os acampamentos trabalham sem fiscalização específica. "Não existe um órgão oficial que regulamente a atividade, porque atuamos entre a educação e a hospedagem", diz Marco Antonio Vivolo, presidente da Abae.
Criada em 1999, a associação congrega 14 empresas. "Os diretores dos acampamentos já se conheciam e resolvemos nos unir. Há dois grupos distintos atuando no segmento, aqueles que realizam atividades de forma eventual e os que fazem de forma estruturada", afirma Vivolo.
Para poder integrar a Abae, o acampamento deve ter pelo menos três anos de funcionamento, ser recomendado por outros dois sócios e constituir formalmente uma empresa.


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