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Gestão Serra e reitora trocam acusações após a invasão
Secretário da Casa Civil rebate críticas ao governo feitas pela reitora da USP
Em entrevista, Suely Vilela havia afirmado que demora de Serra em anular efeitos de decretos agravou a situação durante a crise
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de coordenação
política do governo do Estado,
Aloysio Nunes Ferreira (Casa
Civil), reagiu de forma dura a
declarações da reitora da USP,
Suely Vilela, que atribuiu ao governador José Serra (PSDB)
parcela da responsabilidade
pela demora na saída dos estudantes que invadiram a reitoria
da universidade por 50 dias.
""A reitora está querendo
atribuir ao governo do Estado
responsabilidades que são dela.
Não tomou as medidas que deveria ter tomado", disse, em entrevista ao "Jornal da Globo".
O secretário se referia ao fato
de Vilela não ter autorizado a
PM a entrar na USP para cumprir a reintegração de posse.
Na última quarta, em entrevista à rádio CBN, a reitora afirmou que a demora de Serra em
anular os efeitos dos decretos
que, na visão dos alunos, feriam
a autonomia universitária,
agravou a situação. ""Os decretos não foram revogados logo
no início. O decreto declaratório [que anulou os decretos anteriores] só ocorreu em 31 de
maio", disse ela à CBN. A invasão ocorreu no dia 3 de maio.
Vilela vem sendo criticada
por políticos ligados a Serra.
Ela estava no exterior quando
estourou a crise e, segundo tucanos, não teria permitido que
seu substituto assumisse a negociação. Reclamam do fato de
a reitora ter recusado, duas vezes, apoio policial. Vilela assumiu a reitoria em 2005 após
vencer eleição interna e ser escolhida por Alckmin (PSDB).
Interlocutores do governador dizem que Serra se mostrava impaciente com a demora de
Vilela em autorizar a entrada
da PM, vendo uma tentativa de
repassar o ônus ao governo.
Na entrevista, Nunes Ferreira rebateu as afirmações de Vilela, deixando claro que o governo Serra não aceita ser responsabilizado pela crise.
O secretário rebateu a versão
de que a demora no decreto de
31 de maio tenha motivado o
impasse para o fim da invasão.
""Se fosse verdade que a demora
na publicação do decreto atrapalhou a saída dos estudantes,
isso já teria acontecido no dia
31. Saíram 20 dias depois."
O braço direito de Serra ainda criticou o que chama de concessões feitas aos invasores.
A reitora assinou um termo
em que se comprometeu a não
punir os alunos e funcionários
pela invasão, mas avalia ações
para reparar danos materiais.
Segundo ela, 46 computadores foram violados. Houve furto
de notebooks, monitores, projetores, impressoras e um scanner. ""[Vilela] Fez um acordo
em que abre mão de aplicar as
penalidades previstas pelo estatuto da universidade", disse.
A Folha, que desde o início
da invasão pede uma entrevista
com Vilela, tentou ontem ouvir
a reitora, sem sucesso.
Amigo de Serra, o professor
da Unicamp Luiz Gonzaga
Belluzzo, secretário de Ciência
e Tecnologia na época da concessão da autonomia às universidades, diz que "autonomia
supõe assumir a responsabilidade pela proteção do patrimônio da universidade". "Não se
pode permitir a predação que
os pequenos burgueses fizeram. O dirigente não pode se
afastar dessa responsabilidade
de proteger o patrimônio. Não
pode fugir do pau."
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