São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Gestão Serra e reitora trocam acusações após a invasão

Secretário da Casa Civil rebate críticas ao governo feitas pela reitora da USP

Em entrevista, Suely Vilela havia afirmado que demora de Serra em anular efeitos de decretos agravou a situação durante a crise


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de coordenação política do governo do Estado, Aloysio Nunes Ferreira (Casa Civil), reagiu de forma dura a declarações da reitora da USP, Suely Vilela, que atribuiu ao governador José Serra (PSDB) parcela da responsabilidade pela demora na saída dos estudantes que invadiram a reitoria da universidade por 50 dias.
""A reitora está querendo atribuir ao governo do Estado responsabilidades que são dela. Não tomou as medidas que deveria ter tomado", disse, em entrevista ao "Jornal da Globo".
O secretário se referia ao fato de Vilela não ter autorizado a PM a entrar na USP para cumprir a reintegração de posse.
Na última quarta, em entrevista à rádio CBN, a reitora afirmou que a demora de Serra em anular os efeitos dos decretos que, na visão dos alunos, feriam a autonomia universitária, agravou a situação. ""Os decretos não foram revogados logo no início. O decreto declaratório [que anulou os decretos anteriores] só ocorreu em 31 de maio", disse ela à CBN. A invasão ocorreu no dia 3 de maio.
Vilela vem sendo criticada por políticos ligados a Serra. Ela estava no exterior quando estourou a crise e, segundo tucanos, não teria permitido que seu substituto assumisse a negociação. Reclamam do fato de a reitora ter recusado, duas vezes, apoio policial. Vilela assumiu a reitoria em 2005 após vencer eleição interna e ser escolhida por Alckmin (PSDB).
Interlocutores do governador dizem que Serra se mostrava impaciente com a demora de Vilela em autorizar a entrada da PM, vendo uma tentativa de repassar o ônus ao governo.
Na entrevista, Nunes Ferreira rebateu as afirmações de Vilela, deixando claro que o governo Serra não aceita ser responsabilizado pela crise.
O secretário rebateu a versão de que a demora no decreto de 31 de maio tenha motivado o impasse para o fim da invasão. ""Se fosse verdade que a demora na publicação do decreto atrapalhou a saída dos estudantes, isso já teria acontecido no dia 31. Saíram 20 dias depois."
O braço direito de Serra ainda criticou o que chama de concessões feitas aos invasores.
A reitora assinou um termo em que se comprometeu a não punir os alunos e funcionários pela invasão, mas avalia ações para reparar danos materiais.
Segundo ela, 46 computadores foram violados. Houve furto de notebooks, monitores, projetores, impressoras e um scanner. ""[Vilela] Fez um acordo em que abre mão de aplicar as penalidades previstas pelo estatuto da universidade", disse.
A Folha, que desde o início da invasão pede uma entrevista com Vilela, tentou ontem ouvir a reitora, sem sucesso.
Amigo de Serra, o professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, secretário de Ciência e Tecnologia na época da concessão da autonomia às universidades, diz que "autonomia supõe assumir a responsabilidade pela proteção do patrimônio da universidade". "Não se pode permitir a predação que os pequenos burgueses fizeram. O dirigente não pode se afastar dessa responsabilidade de proteger o patrimônio. Não pode fugir do pau."


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