São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Falta de recursos freia sinalização nas rodovias federais

Dos 28 mil km previstos para este ano, apenas 1.745 km (6%) tiveram a pintura de faixas realizadas pelo governo

Programa de recuperação da sinalização foi lançado por Lula em 2006; problema ocorre enquanto aumentam índices de acidentes no país

EDUARDO SCOLESE
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Lançado em meados do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como garantia de segurança aos motoristas, o programa do governo federal de recuperação da sinalização das rodovias está praticamente parado em 2007 por conta da falta de recursos, segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
De um total de 28 mil km previstos para este ano, apenas 1.745 km (6%) tiveram a sinalização horizontal (pintura de faixas) realizada. A falta de recursos também compromete a instalação de placas -11% da meta de 2007 foi cumprida.
E essa paralisia desde janeiro na pintura de faixas e na instalação de placas ocorre no momento em que a Polícia Rodoviária Federal registra aumento nos números de acidentes, mortes e feridos nas estradas.
No primeiro semestre deste ano, numa comparação com o mesmo período de 2006, o número de acidentes nas rodovias federais cresceu 10% e o de mortes, 7%. Entre janeiro e 20 de junho deste ano, foram 2.989 mortos, contra 2.781 no intervalo do ano passado.
Para o final de julho, o Dnit aguarda uma medida provisória no valor aproximado de R$ 120 milhões para que as empresas contratadas pelo Pro Sinal (Programa de Sinalização nas Rodovias Federais) possam continuar os trabalhos.
"É óbvio que houve uma paralisia, porque o grosso [da liberação de recursos] foi no ano passado", disse Luiz Cláudio dos Santos Varejão, coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Dnit.
Para 2007, segundo o coordenador, o Ministério do Planejamento autorizou R$ 39 milhões. Os recursos, porém, só foram liberados, parcialmente, em maio: R$ 12,5 milhões.
Até maio deste ano o programa foi tocado com aproximadamente R$ 25 milhões de restos a pagar de 2006. "Se tivesse usado o dinheiro todo [em 2006], estava até maio deste ano sem fazer nada", afirmou Marcelino Santos Rosa, coordenador de segurança do Dnit.
Segundo a PRF, a operação tapa-buraco fez aumentar a velocidade dos veículos. Com isso, e sem o trabalho de sinalização, cresce o número de acidentes. São as chamadas rodovias "pretas", ou seja, recapeadas, mas sem as faixas.
"Da operação tapa-buraco para cá, os principais corredores receberam uma boa atenção quanto às condições de tráfego. Obviamente tem ainda um problema de engenharia que melhora um pouco a trafegabilidade, mas a questão da sinalização e os instrumentos de restrição ainda não foram tratados", afirma o inspetor Alvarez Simões, coordenador de Controle Operacional da PRF.
Procurados por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério do Planejamento afirmou que as verbas do programa Pro Sinal são administradas pelo Ministério dos Transportes. O Ministério dos Transportes afirmou, também via assessoria de imprensa, que está trabalhando para liberar os recursos.


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