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HABITAÇÃO
Anteontem, decisão suspendeu liminar que favorecia empresa com a reintegração de posse da área invadida no ABC
Volkswagen recorre para recuperar terreno
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen informou ontem, por meio de sua assessoria de
imprensa, que irá recorrer da decisão do desembargador Roque
Mesquita, da 3ª Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil, que anteontem concedeu efeito suspensivo à liminar que favorecia a
montadora com uma ordem de
reintegração de posse.
De acordo com a assessoria, a
empresa pretende provar na Justiça que tem a posse do terreno de
170 mil metros quadrados. A empresa alega que, no dia da invasão,
havia vigia na área e o terreno estava cercado, o que, para a montadora, configura a posse.
Em sua decisão, o desembargador Roque Mesquita aceitou a argumentação dos advogados do
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) de que a
Volkswagen não comprovou a
posse da área invadida. "Não há
prova convincente de que a agravada [empresa] pratica atos possessórios sobre o terreno."
Uma das coordenadoras da invasão, Iracema Mendes da Silva,
admitiu que a suspensão da reintegração de posse da área fez com
que muitos dos sem-teto planejassem a vinda de seus familiares.
"Temos cadastradas 4.500 famílias. Ou seja, tem muita gente que
chegou sozinha na ocupação, mas
foi cadastrada como uma família.
Agora, depois da decisão judicial,
muitos estão trazendo seus familiares", afirmou.
Por outro lado, quem já está
com a família no acampamento
pretende agora ter uma vida um
pouco mais confortável. "Amanhã [hoje] vou trazer um fogão,
um rádio, panelas e cama", contou João Batista Rodrigues, 41,
que está com o filho bebê, a mulher, a sogra e a cunhada.
Ontem à tarde, Gilmar Mauro,
da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), esteve no acampamento para "prestar solidariedade" aos acampados.
Mauro fez questão de desvincular as duas entidades. "O MTST é
autônomo e tem uma linha política própria. Enquanto movimento
social, somos solidários."
Já o vice-presidente da República, José Alencar, defendeu ontem
o início imediato da construção
de 1 milhão de casas populares
para abrigar os sem-teto.
Em Pernambuco, o MTST promoveu na madrugada de ontem
duas invasões na região metropolitana de Recife. O ato, disse o
coordenador estadual do MTST,
também foi em solidariedade ao
"pessoal de São Paulo".
Colaboraram o "Agora", a Agência Folha
e a Sucursal de Brasília
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