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CASO PALACE 2
Decisão põe fim em impasse entre justiças
STJ assegura utilização de dinheiro para indenização a ex-moradores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) assegurou ontem a utilização do dinheiro da venda de
bens do empresário e ex-deputado Sérgio Naya no pagamento de
indenização às vítimas do desabamento do edifício Palace 2, no Rio
de Janeiro, em 1998.
O vice-presidente do STJ, ministro Sálvio de Figueiredo, concedeu liminar em que reconhece a
competência exclusiva do juiz da
4ª Vara Empresarial do Rio, Luís
Felipe Salomão, para decidir sobre o uso da verba.
Com isso, ele validou a decisão
desse juiz, favorável ao pagamento imediato de indenização aos
ex-moradores, e cassou a decisão
da juíza federal Frana Elizabeth
Mendes, que ordenava o uso da
verba para pagamento de débitos
de Naya com o governo federal.
Figueiredo concedeu a liminar
em ação movida pelo juiz Salomão para que solucionasse o conflito de competência. Anteontem,
uma liminar dele proibiu a prisão
dos gerentes do Banco do Brasil
no Rio que estão responsáveis por
liberar o dinheiro: Ismael de Carvalho, Maria Auxiliadora de Lemos Marins e Maritza Koch. Havia ameaça de prisão tanto por liberar quanto por reter, por causa
das diferentes ordens judiciais.
Também anteontem, o presidente do STJ, Edson Vidigal, sugeriu ao governo que desistisse da
ação em que são cobradas dívidas
fiscais de Naya. O objetivo seria
priorizar a aplicação da verba na
indenização das famílias. A recomendação não foi acolhida.
Cada uma das 74 famílias que esperam as indenizações tem direito a R$ 113.578,13. Anteontem, oito famílias haviam sido indenizadas e receberam em dinheiro, mas
a Procuradoria da Fazenda conseguiu o bloqueio dos pagamentos,
que seriam feitos por transferência eletrônica, às demais.
O advogado da Associação das
Vítimas do Palace 2, Nélio Andrade, pediu à 4ª Vara Empresarial
um mandado de busca e apreensão do dinheiro das indenizações
para as 61 famílias que haviam
protocolado seus mandados de
pagamento no Banco do Brasil.
Faltando poucos minutos para
o encerramento do expediente
bancário, dezenas de pessoas que
aguardavam a decisão de Salomão correram para a agência do
banco no prédio do TJ, mas foram
impedidas de entrar.
Até a conclusão desta edição o
juiz Salomão não havia autorizado o pagamento. Ele aguardava
um comunicado oficial do STJ.
Superação
Para as vítimas do desabamento, o impasse significa continuar
vivendo com dificuldade, além de
alimentar lembranças ruins. A
bancária Valéria Castanho, 37, espera a liberação do dinheiro para
quitar prestações do apartamento
que comprou com o marido.
"Moramos por seis meses na casa da minha mãe, até que resolvemos comprar outro apartamento.
Logo depois meu marido ficou
desempregado", disse ela. "Parece
até que somos os criminosos."
A aposentada Loide Guimarães,
57, se julga afortunada. "Consegui
financiamento da Caixa Econômica Federal e dei entrada no
apartamento. Mas fiquei sem minhas economias de 30 anos."
Foram definidas as datas para
os próximos leilões de bens de
Naya. Em 20 de agosto, vai a leilão
o hotel Saint Peter (Brasília), pelo
mínimo de R$ 21 milhões. No dia
30 de agosto, será leiloado um terreno na Barra da Tijuca, com lances a partir de R$ 40 milhões.
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