São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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Com bens avaliados em R$ 100 milhões, Quintino Facci, de Ribeirão Preto, privilegiou um dos filhos

Milionário exclui 6 filhos de testamento

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

O fazendeiro Quintino Facci, que morreu anteontem aos 92 anos, de pneumonia, deixou todos os seus bens, avaliados em mais de R$ 100 milhões, disponíveis para apenas um filho. Ele decidiu ignorar os outros seis no testamento registrado em março deste ano.
Segundo a família, o fazendeiro tinha em seu nome uma fazenda com 2.000 hectares e mais 15 milhões de m2 em terrenos em Ribeirão Preto.
Na escritura pública de testamento, o fazendeiro deixa 49% de sua herança para o filho Quintino José Facci, 40, e 1% para o advogado Luiz Fernando dos Santos, amigo pessoal.
Pela lei brasileira, os filhos são herdeiros legítimos e têm direito a, no mínimo, 50% dos bens do pai. A distribuição da outra metade fica a critério do detentor do bem, e a doação pode ser feita a qualquer pessoa ou entidade.
Dessa forma, os outros filhos irão dividir cerca de 42% dos bens do fazendeiro, já que José também entra na partilha dos 50%. "Pela vontade do meu pai, ele deixaria 100% para mim", afirmou José.
A decisão do patriarca tem relação direta com o episódio envolvendo o assassinato de seu filho Quintino Francisco Facci, em dezembro de 2002.
O pai acreditava que o mandante do crime era seu outro filho Quintino Antonio Facci, que chegou a ser preso e hoje aguarda o julgamento em liberdade.
"Infelizmente, meu pai morreu com isso", afirmou José, único dos filhos que ficou ao lado de Quintino Facci na crença de que as provas apontam para a culpabilidade de Antonio. Segundo José, o apoio público dos outros filhos a Antonio, manifestado a jornais, foi o motivo que levou o patriarca a tirá-los do testamento. José afirma que o pai ficou magoado porque os filhos não o informaram primeiro que tinham passado a acreditar na inocência de Antonio.
Antes de assinar o testamento, para evitar uma provável contestação judicial dos preteridos, Facci se submeteu a três exames neuropsicológicos para comprovar sua sanidade mental.
A filha Antonieta Facci, 50, disse que o pai registrou o testamento num momento de desavença familiar que vinha sendo superada nos últimos meses.


Colaborou KATIUCIA MAGALHÃES, Free-lance para a Folha Ribeirão


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