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PELA VIDA
Entidade ligada à Igreja Católica quer participar dos debates e decisões da comissão que revê leis sobre o procedimento
CNBB pede espaço na revisão legal do aborto
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) distribuiu
ontem uma nota em que diz que
quer participar dos debates sobre
a revisão da legislação sobre o
aborto, reafirma que continuará
defendendo "o direito inalienável
do nascituro à vida", e cobra responsabilidade aos homens em situações de gravidez indesejada.
A nota se baseia em reportagem
da Folha, publicada na última terça-feira, em que foram adiantadas
as principais conclusões da comissão tripartite montada pelo
governo federal, cujos trabalhos
serão concluídos na segunda.
Entre as propostas da comissão
estão a descriminalização do
aborto até a 12ª semana de gestação, a ampliação do prazo, em casos de estupro, para até 20 semanas e a não-imposição de limite
de tempo para a interrupção
quando a gravidez implicar grave
risco à saúde da mulher ou houver má-formação fetal grave.
O texto, assinado pelo cardeal
Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador e presidente da
CNBB, e D. Odilo Pedro Scherer,
bispo auxiliar de São Paulo e secretário-geral da CNBB, diz que a
descriminalização do aborto gera
"grave problema do respeito à vida e à dignidade humana".
A CNBB diz que respeita, defende e promove os direitos da mulher, mas que, com a mesma convicção, "defenderá e apoiará os
direitos do nascituro".
A nota cita a Constituição Federal, em seu artigo 5º, que protege o
direito de todos à vida e o Código
Civil, no seu artigo 4º, que diz: "a
lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro".
A CNBB reconhece que o país
sofre hoje um grave problema social de saúde pública com o drama da gravidez indesejada e da
prática de abortos clandestinos, e
defende a criação de políticas públicas com programas adequados
de orientação, assistência e saúde.
Estima-se que 1 milhão de abortos clandestinos sejam praticados
anualmente no país. Só na rede
pública de saúde, são realizados
anualmente 240 mil internações
de mulheres por complicações da
interrupção da gravidez.
"Contudo, não se pode sanar
um mal com um mal maior", diz
um trecho da nota, em referência
à descriminalização do aborto.
A entidade também lembra que
toda concepção envolve homem e
mulher. "No entanto, facilmente
o homem esquece a sua responsabilidade quando envolvido na
problemática aqui configurada [a
gravidez indesejada]."
A nota diz ainda que, nesse processo de discussão de revisão da
legislação punitiva do aborto, a
Igreja Católica reconhece e respeita a laicidade do Estado, mas quer
participar das decisões.
A CNBB ficou fora da comissão
porque o Conselho Nacional de
Políticas para Mulheres -colegiado com 35 representantes escolhido para indicar os nomes da
comissão tripartite- rechaçou
qualquer participação religiosa,
sob argumento da laicidade do
Estado. O Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), que inclui a Igreja Católica, chegou a ser
convidado, mas declinou.
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