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Mulheres vencem o preconceito e aproveitam a maternidade tardia
DA REPORTAGEM LOCAL
O desejo de ser mãe chegou
tarde, aos 40 anos. Foi aí que a
professora carioca Maria Cecília Rabelo Tostes percebeu que
havia investido na carreira profissional, nos estudos e havia
esquecido do relógio biológico.
"Eu tinha que ter engravidado e
não sabia", diz ela.
No embalo do otimismo do
marido, três anos mais novo,
ainda tentou uma gravidez natural por alguns anos, sem sucesso. A gestação foi conseguida na segunda tentativa de fertilização in vitro, aos 52 anos.
"Sofri um descolamento do
colo do útero no sexto mês. No
final, minha pressão arterial
subiu um pouco e tive que tomar anti-hipertensivo. Tirando
isso, foi normal. Levei a gravidez até a 39ª semana", diz.
Os bebês, um casal, nasceram
em janeiro. Tostes diz que se
sente uma mãe de "30 e poucos
anos". "Por lidar com criança,
tenho o temperamento meio
infantil", diz ela, que ainda
amamenta Oclando (uma homenagem ao avô paterno) e
Maria Antônia no peito.
A professora conseguiu
emendar a licença-maternidade (de sete meses no Rio) às licenças-prêmio e só deve voltar
ao trabalho em julho de 2007.
"Sou mãe tempo integral e é
ótimo. Tenho dúvida se teria sido tão bom aos 20 ou 30 anos."
A bancária aposentada Cleide, 55, diz que se acostumou os
comentários de quem pensa
que Matheus, 3, é seu neto. "No
consultório médico, costumam
dizer: "vó, é a vez do Matheus"".
Cleide foi mãe a primeira vez
aos 26 anos. Duas décadas depois, separada do primeiro marido e casada com homem 14
anos mais novo que ela, engravidou novamente, mas o bebê
morreu antes de nascer.
Aos 49, partiu para uma fertilização in vitro com óvulos doados. Foram três tentativas frustradas até engravidar aos 52
anos. "Não sabia que era tão difícil. Na minha cabeça, já ia sair
grávida da clínica. Eu dizia para
o médico: "preciso engravidar,
senão meu marido vai ter um filho com outra'", brinca. A gravidez transcorreu sem problemas e o garoto nasceu com 39
semanas. "Ser mãe nesta idade
é ser um pouco avó. É uma educação meio melada, mas a gente
se sente mais segura", diz. Ela
segue com as comparações.
"Quando fui mãe aos 26 anos,
amamentei dez dias e, quando
os seios racharam, parei. Com o
Matheus, tive que tomar remédio para aumentar o leite. Ele
mamou até os sete meses."
(CC)
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