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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/PROTESTO
Entidade quer boicote contra empresas em 18 de agosto
Associações pedem que passageiros não voem
DA REVISTA DA FOLHA
Nos primeiros momentos da
passeata, logo após Seu Jorge
cantar pela primeira vez, à capela, "Pra não Dizer que não
Falei das Flores", de Geraldo
Vandré, os organizadores da
caminhada convocaram os participantes para o "No Fly Day",
(dia sem vôo, em inglês).
As 19 entidades que mobilizaram o protesto pretendem
utilizar a internet para organizar o que chamam de "maior
boicote a esse tipo de transporte realizado no Brasil", seguido
por uma nova caminhada que
repetirá o trajeto de ontem.
A manifestação está programada para 18 de agosto, um dia
depois do acidente com o Airbus-A320 da TAM completar
um mês.
"Nossa idéia era fazer o protesto no dia 17. Mas cai numa
sexta e nem todos poderiam
participar", disse Sandra Assali,
presidente da Abrapavaa (Associação Brasileira de Parentes
e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos), entidade criada depois da queda do Fokker-100 da
TAM, em 1996, quando morreram 99 pessoas.
Sandra disse que chegou o
momento de a sociedade civil
"reagir contra a inércia dos governantes". "Estamos anotando o e-mail de todos os participantes que vão receber informações sobre o boicote aéreo.
No próximo dia 18 ninguém
voa. Vamos formar uma corrente envolvendo o Brasil e todas as classes sociais."
Classe média
Pelos modelos de carros importados estacionados próximos ao local de partida da caminhada e pelo perfil dos participantes era evidente que a
maioria deles pertence às classes média e alta.
Sandra concorda que a adesão de ontem foi "maior entre
pessoas com condições econômicas favoráveis", mas descarta caráter elitista ou partidário.
"Não é só a classe média que
está voando hoje no Brasil.
Também foi dada oportunidade às classes D e E. Nossos protestos são pela vida dos brasileiros, sem discriminação."
Além da Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de Acidentes Aéreos, o
Movimento Nossa São Paulo:
Outra Cidade, o Cria (Cidadão,
Responsável, Informado e
Atuante) Brasil e o Movimento
Cívico pelo Direito dos Brasileiros, que os idealizadores chamam de "Cansei", participaram
do protesto de ontem e devem
estar juntos no boicote aéreo.
O "Cansei" é uma iniciativa
que tomou forma a partir de
reuniões no escritório de João
Dória Jr. No ano passado, ele
promoveu almoços para arrecadar recursos para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Oficialmente, a OAB-SP lidera o grupo.
Fundação SOS Mata Atlântica e Casa do Zezinho, organização que atende a crianças e adolescentes de baixa renda, também participam. Grávida de sete meses de Valetina, a adestradora de cães Caroline Lafemina, 31, ligada à entidade, dizia
que só estava ali por não haver
envolvimento de políticos.
Estrela da caminhada, o cantor Seu Jorge contou que foi
convidado por amigos ligados
ao Cria Brasil. Ele chegou a pedir a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros.
A socialite Maria Christina
Mendes Caldeira, 41, ex-mulher do ex-deputado Valdemar
Costa Neto, estava com seus
dois cães da raça jack russel terrier Petrus, 8, e Margô, 8.
Enrolada num bandeira do
Brasil, com os dizeres "Desordem e Regresso" nas costas, ela
disse não pertencer a nenhuma
das entidades envolvidas na
passeata. "Vou abrir a minha
fundação nos EUA contra a
corrupção. Aqui no Brasil não
adianta nada."
(RO)
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