São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/PROTESTO

Entidade quer boicote contra empresas em 18 de agosto

Associações pedem que passageiros não voem

DA REVISTA DA FOLHA

Nos primeiros momentos da passeata, logo após Seu Jorge cantar pela primeira vez, à capela, "Pra não Dizer que não Falei das Flores", de Geraldo Vandré, os organizadores da caminhada convocaram os participantes para o "No Fly Day", (dia sem vôo, em inglês).
As 19 entidades que mobilizaram o protesto pretendem utilizar a internet para organizar o que chamam de "maior boicote a esse tipo de transporte realizado no Brasil", seguido por uma nova caminhada que repetirá o trajeto de ontem.
A manifestação está programada para 18 de agosto, um dia depois do acidente com o Airbus-A320 da TAM completar um mês.
"Nossa idéia era fazer o protesto no dia 17. Mas cai numa sexta e nem todos poderiam participar", disse Sandra Assali, presidente da Abrapavaa (Associação Brasileira de Parentes e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos), entidade criada depois da queda do Fokker-100 da TAM, em 1996, quando morreram 99 pessoas.
Sandra disse que chegou o momento de a sociedade civil "reagir contra a inércia dos governantes". "Estamos anotando o e-mail de todos os participantes que vão receber informações sobre o boicote aéreo. No próximo dia 18 ninguém voa. Vamos formar uma corrente envolvendo o Brasil e todas as classes sociais."

Classe média
Pelos modelos de carros importados estacionados próximos ao local de partida da caminhada e pelo perfil dos participantes era evidente que a maioria deles pertence às classes média e alta.
Sandra concorda que a adesão de ontem foi "maior entre pessoas com condições econômicas favoráveis", mas descarta caráter elitista ou partidário.
"Não é só a classe média que está voando hoje no Brasil. Também foi dada oportunidade às classes D e E. Nossos protestos são pela vida dos brasileiros, sem discriminação."
Além da Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de Acidentes Aéreos, o Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade, o Cria (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante) Brasil e o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, que os idealizadores chamam de "Cansei", participaram do protesto de ontem e devem estar juntos no boicote aéreo.
O "Cansei" é uma iniciativa que tomou forma a partir de reuniões no escritório de João Dória Jr. No ano passado, ele promoveu almoços para arrecadar recursos para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Oficialmente, a OAB-SP lidera o grupo.
Fundação SOS Mata Atlântica e Casa do Zezinho, organização que atende a crianças e adolescentes de baixa renda, também participam. Grávida de sete meses de Valetina, a adestradora de cães Caroline Lafemina, 31, ligada à entidade, dizia que só estava ali por não haver envolvimento de políticos.
Estrela da caminhada, o cantor Seu Jorge contou que foi convidado por amigos ligados ao Cria Brasil. Ele chegou a pedir a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros.
A socialite Maria Christina Mendes Caldeira, 41, ex-mulher do ex-deputado Valdemar Costa Neto, estava com seus dois cães da raça jack russel terrier Petrus, 8, e Margô, 8.
Enrolada num bandeira do Brasil, com os dizeres "Desordem e Regresso" nas costas, ela disse não pertencer a nenhuma das entidades envolvidas na passeata. "Vou abrir a minha fundação nos EUA contra a corrupção. Aqui no Brasil não adianta nada." (RO)

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