São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Gripe traz mais risco a grávidas, diz estudo

Conclusão de centro de doenças dos EUA sugere que algumas pessoas sejam vacinadas antes das demais, entre elas as gestantes

De 15 de abril a 16 de junho, dos 45 óbitos ligados à gripe suína notificados ao órgão, 13% foram de gestantes; 7 grávidas morreram no Brasil


FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres grávidas que são contaminadas com o vírus da gripe suína têm risco maior de desenvolver sintomas graves e de morrer, sugere estudo realizado por pesquisadores do CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças) dos EUA e publicado na revista "Lancet".
O estudo se baseou nas mortes de seis grávidas entre os 45 óbitos ligados ao vírus que foram notificados ao CDC entre 15 de abril e 16 de junho -o que representa 13% dos casos.
Até ontem, pelo menos sete grávidas -não há detalhes de todas as vítimas- tinham morrido no Brasil em decorrência do vírus, entre os 61 casos relatados (11,5% do total).
Na semana passada, o ministro da Saúde José Gomes Temporão recomendou que as gestantes evitem frequentar locais fechados e com aglomeração de pessoas, por causa da facilidade de transmissão do vírus. Infectologistas e obstetras ouvidos pela Folha concordaram com a orientação do governo.
Especialistas do mesmo CDC recomendaram ontem que algumas pessoas devem ser vacinadas antes das demais, entre elas as grávidas.
A lista de prioridades inclui ainda mães de recém-nascidos, crianças e jovens na faixa de 6 meses a 24 anos e pessoas de 25 a 64 anos com asma, diabetes e doenças cardíacas.
A recomendação se deve à previsão de que não haverá vacina para todos os norte-americanos. As recomendações do CDC costumam ser acatadas pelo governo.

Mulheres saudáveis
Segundo o levantamento do CDC, as gestantes que morreram devido à gripe suína eram saudáveis antes de se contaminarem, desenvolveram pneumonia e tiveram que ser colocadas em respiração artificial.
Considerando-se que as grávidas representam cerca de 1% da população dos EUA, os pesquisadores consideram a mortalidade pela gripe muito alta.
Denise Jamieson, autora do estudo, reconhece que esse número é instável (porque depende do número de mortes relatadas naquele momento), mas orienta que as grávidas que têm alguma suspeita informem o médico imediatamente.
Ainda segundo ela, é preciso administrar medicamentos antivirais às grávidas rapidamente, de preferência nas primeiras 48 horas dos sintomas.
O infectologista Carlos Magno Fortaleza, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas da Unesp, diz que a mortalidade entre as grávidas chama a atenção. De acordo com ele, gestantes com sintomas como febre alta e tosse ou dor de garganta devem ser internadas nos hospitais de referência.
"Estamos seguindo a recomendação do Ministério da Saúde de internar essas grávidas por precaução, já que os resultados dos exames demoram algum tempo para sair", diz.
Já o infectologista Francisco Hideo Aoki, professor da Unicamp, afirma que é muito cedo para afirmar que as grávidas têm risco aumentado.
"A série histórica ainda é muito pequena para fazer esse tipo de afirmação", pondera.
"Não devemos criar um alarde. Grávidas devem receber um olhar diferenciado e tomar as precauções, como lavar sempre as mãos e evitar locais fechados. Mas isso não justifica adiar uma gestação", diz a ginecologista Fabiana Sanches, coordenadora da Saúde da Mulher do Hospital Santa Marcelina.

Obesos
Já um estudo do CDC sobre obesos os afastou dos grupos de risco para a doença. Segundo o órgão, o percentual de obesos entre os mortos pela doença nos EUA (38%) é quase igual ao da população americana (34%).


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