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Redução de mortes de bebês de até 1 mês é mais lenta
Em 18 anos, queda é de 36% no país, ante 54% do total de bebês com até 1 ano
Avanço em áreas como vacinação e nutrição não tem paralelo em itens como nº de UTIs para recém-nascidos
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
A mortalidade infantil, em
queda nas últimas décadas,
mudou de perfil no país.
Cada vez mais, as mortes
de recém-nascidos (com até
28 dias de vida) são maioria
nas estatísticas de óbitos entre crianças de até um ano, já
que só caíram 36%, ante 54%
de redução nas mortes dos
bebês em geral.
Isso acontece porque, se
por um lado, o Brasil teve
bons avanços em áreas como
saneamento básico e vacinação, beneficiando a todos os
bebês, por outro a melhora
não é tão grande em cuidados para recém-nascidos.
São vários os problemas,
desde a má qualidade das
consultas de pré-natal e da
assistência ao parto, até a falta de UTI neonatal e de estrutura para a gestante e para o
bebê de alto risco.
Segundo o próprio Ministério da Saúde, 70% das mortes de recém-nascidos ocorrem por causas evitáveis.
Entre 1990 e 2008, quando
a mortalidade infantil total
caiu 54% (de 95.476 para
43.601 bebês por ano), o percentual de recém-nascidos
no número total passou de
49% para 68%.
ATENÇÃO À MÃE
Uma recente pesquisa do
Ministério da Saúde e das
universidades de Brasília
(UnB) e de São Paulo (USP)
concluiu que as falhas na
atenção à gestante contribuíram para um aumento de risco de 28% na mortalidade fetal ou neonatal -em razão de
fatores como a hipertensão.
"Se você tem uma mãe hipertensa, diabética, ela deve
ser bem controlada. Se não tiver bom pré-natal, entra em
trabalho de parto prematuro
e aí começam os problemas",
diz a pediatra Maria Fernanda de Almeida, coordenadora do Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
A falta de leitos de UTI
neonatal e de equipes especializadas é outro importante
entrave. Várias regiões do
país convivem com unidades
superlotadas, que oferecem
mais riscos de infecções.
Em Natal (RN), por exemplo, a UTI neonatal da maternidade Januário Cicco tem
capacidade para dez crianças, mas abriga 18, segundo
o diretor Kleber Morais.
Em São Paulo, inquérito
do Ministério Público apura
pelos menos 30 mortes de
crianças desde 2007 em razão da falta de leitos ou de superlotação nas UTIs.
Hospitais de cidades como
Jales, Araçatuba, Catanduva,
Fernandópolis e São José do
Rio Preto convivem com superlotação das unidades e,
para não omitir socorro, pegam equipamentos emprestados do Samu e até dos bombeiros ou transformam salas
comuns em UTIs.
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