|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reitores e professores não vêem nenhuma vantagem
da Sucursal de Brasília
MEC, reitores e professores das
universidades federais discordam
em quase todos os pontos do projeto de autonomia universitária
que será enviado ao Congresso na
próxima semana.
O ministro Paulo Renato Souza
passou a manhã de ontem explicando a 39 reitores das federais as
mudanças propostas pelo projeto. No almoço, reuniu-se com representantes dos professores.
Ao fim dos encontros, ambos os
grupos se mostraram insatisfeitos
com o que foi apresentado e afirmaram que vão tentar mudar o
texto do projeto durante sua tramitação no Congresso.
"Estamos mais que tudo
apreensivos com o que ouvimos
até agora", disse Renato de Oliveira, representante da Andes (associação de professores universitários). Ele não soube apontar quais
pontos do projeto do MEC eram
vantajosos para os professores.
O principal ponto de atrito é o
mecanismo de financiamento.
Reitores e professores querem a
garantia de que os recursos aumentarão anualmente para que
possam cumprir as metas de expansão da oferta de vagas. O projeto de lei do MEC, entretanto,
não prevê esse crescimento.
Outro aspecto polêmico é o fim
da isonomia salarial. O projeto de
lei acaba com a obrigação de os
salários das federais serem iguais
para professores com a mesma titulação e tempo de serviço. Cada
universidade poderá ter seu próprio Plano de Cargos e Salários.
Tanto a Andifes (associação dos
reitores) quanto a Andes (associação dos docentes) defendem
que seja mantido pelo menos um
piso mínimo de salário para os
professores em todo o país.
O objetivo do piso seria evitar
que houvesse grandes distorções
entre os salários das universidades localizadas no Sul e Sudeste
-que têm mais facilidade de captar recursos- e os das demais regiões.
"A experiência de autonomia
das universidades paulistas já
mostrou que não adianta acabar
totalmente com a isonomia. Se
uma universidade concede reajuste, as outras vizinhas começam
a pressionar, e todas são obrigadas a dar o aumento", diz Rodolfo
Pinto Luz, presidente da Andifes.
As universidades também discordam da maneira como o MEC
propõe que elas se tornem autônomas.
De acordo com o projeto, as federais que quisessem aderir à autonomia teriam de assinar um
contrato de gestão com o MEC,
que pode ser suspenso caso a instituição não cumpra as metas estabelecidas.
Reitores e professores queriam
que a autonomia valesse para todas as universidades federais a
partir da data de publicação da lei,
sem necessidade de contrato.
"Aparentemente, a noção de
que a autonomia será conquistada por contratos é o principal
problema desse projeto, porque o
governo fica com o poder de suspender a autonomia sempre que
houver revisão do contrato. Queremos autonomia para valer",
disse.
Texto Anterior: Massificação exige recursos Próximo Texto: Autônomas de SP enfrentam dificuldades Índice
|