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SAÚDE
Pitta muda nome do sistema criado por Maluf em 1996 e promete aumentar controle do uso das verbas
PAS acaba, mas cooperativas continuam
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
A Prefeitura de São Paulo anunciou que o PAS, principal bandeira política de Paulo Maluf (PPB),
deixa de existir a partir da próxima segunda-feira. Para os usuários do sistema de saúde, no entanto, tudo continua igual. O modelo de cooperativas será reformado, mas será mantido.
Os 14 módulos do PAS serão
reorganizados geograficamente
em quatro grandes módulos: norte, sul, leste e central -esse último englobando a zona oeste.
De acordo com o secretário municipal da Saúde, Jorge Pagura, ficará mais fácil para que uma pessoa com a carteirinha do PAS seja
atendida em unidades de qualquer módulo. "Isso já ocorria,
mas os módulos sempre criavam
dificuldades para atender pacientes de outras regiões. Com o novo
modelo isso acaba", disse.
As principais mudanças são administrativas (veja quadro nesta
página), muitas visando melhorar
o controle sobre o uso da verba.
Cada um dos módulos será ligado a uma controladoria, formada
por uma equipe da secretaria municipal, técnicos em informática e
em economia, que farão controle
de custos, gastos e serviços.
As controladorias manterão lista básica de preços de materiais e
equipamentos, que deverão ser
seguidos pelas cooperativas. Até
agora, as cooperativas compravam pelo preço que quisessem.
Além disso, cada módulo terá
um conselho de gestão, responsável por avaliar e aprovar as necessidades de cada cooperativa. A
composição desses conselhos ainda está sendo estudada.
Para avaliar e fiscalizar todo o
sistema, haverá o Conselho Superior de Gestão, integrado pelo secretário da Saúde, pela coordenadora do Modelo Cooperativo, representantes do Conselho Regional de Medicina, da Comissão de
Saúde da Câmara, do sindicato
dos médicos e do de hospitais.
De acordo com a secretaria, a
fusão dos módulos proporcionará uma redução no custo do sistema da ordem de R$ 4 milhões por
mês. O fim das gerenciadoras privadas, que até o início do ano controlavam as cooperativas, também permitiu uma economia
anual estimada em R$ 30 milhões.
A intenção do secretário é acabar com as inúmeras irregularidades constatadas nos módulos.
Um dos principais alvos de críticas ao PAS é a falta de controle e
fiscalização de recursos no sistema. Entidades ligadas à área da
saúde defendem que boa parte da
verba destinada às cooperativas
foi desviada por superfaturamento e terceirizações desnecessárias.
Essas mesmas entidades não
consideram a reforma anunciada
como o fim do PAS. "Isso mais
parece uma jogada de marketing
com conteúdo eleitoreiro", diz
Erivalder Guimarães de Oliveira,
presidente do sindicato dos médicos. "Para romper com um modelo gerencial que propiciou tantas
irregularidades seria preciso acabar com as cooperativas."
O novo modelo cooperativado é
um dos braços do chamado Sistema Integrado Municipal de Saúde, que inclui ainda a administração direta pela prefeitura de 38
unidades básicas de saúde (até então geridas pelas cooperativas) e a
municipalização do atendimento
básico (o repasse das UBSs do Estado para o município).
Segundo Pagura, até o final do
ano, 70 UBSs geridas pelo PAS
passarão para gestão direta da
prefeitura. Assim, a secretaria se
prepara para o processo de municipalização, que "só depende de
alguns entraves burocráticos".
Apenas com a conclusão do
processo de municipalização é
que a prefeitura poderá receber
repasses do SUS (Sistema Único
de Saúde), suspensos com a implantação do PAS, em 96.
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