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Falência se deve a custo muito alto
ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local
O PAS faliu, antes de mais nada,
porque era muito caro.
Criado na gestão Paulo Maluf
(1993-1996) sob o argumento de
que seria a solução para o sistema
de saúde da cidade de São Paulo,
o PAS custava, na época, cerca de
R$ 67,5 milhões por mês.
Isso, sem contar os gastos com
os cerca de 6.000 funcionários da
saúde que não aderiram ao PAS e
foram deslocados para trabalhar
em outros setores da prefeitura.
Para efeito de comparação, o
projeto Cingapura (de verticalização de favelas) -outra bandeira
de Maluf e de Celso Pitta- consumiu R$ 18,8 milhões em 96.
Apenas as gerenciadoras (contratadas para administrar os gastos das cooperativas do PAS) ficavam com 6% dos repasses.
Ao instituir o plano, Maluf acreditava que continuaria recebendo
os repasses do SUS (Sistema Único de Saúde), o que ajudaria na
manutenção do plano.
A União, entretanto, parou de
enviar a verba alegando que as
cooperativas, que seriam organismos privados, deveriam se cadastrar individualmente no sistema.
Com isso, as cooperativas teriam de prestar contas diretamente ao SUS, prática descartada
pela gestão municipal. Desde então, a prefeitura deixou de receber
cerca de R$ 200 milhões.
O PAS era caro porque boa parte do dinheiro investido acabou
indo para o ralo. Sem um sistema
de controle de gastos e sem a obrigação de fazer licitações, cooperativas acabaram pagando mais do
que o necessário nas compras.
Auditorias apontaram casos de
superfaturamento de até 185%.
Para agravar, as cooperativas
acabaram também sendo loteadas entre vereadores, num esquema semelhante aos das administrações regionais. Há suspeitas de
que algumas acabaram abastecendo caixas de campanha.
Com Pitta, os custos foram cortados aos poucos, mas não o suficiente para evitar a implosão do
sistema. Primeiro, caíram para R$
52 milhões por mês, valor que a
prefeitura considerava ideal sem
prejudicar o atendimento.
Depois, sem conseguir manter
esse custo, a prefeitura passou a
aplicar R$ 40 milhões. Para isso,
teve de reduzir o atendimento.
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