São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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Falência se deve a custo muito alto

ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local

O PAS faliu, antes de mais nada, porque era muito caro.
Criado na gestão Paulo Maluf (1993-1996) sob o argumento de que seria a solução para o sistema de saúde da cidade de São Paulo, o PAS custava, na época, cerca de R$ 67,5 milhões por mês.
Isso, sem contar os gastos com os cerca de 6.000 funcionários da saúde que não aderiram ao PAS e foram deslocados para trabalhar em outros setores da prefeitura.
Para efeito de comparação, o projeto Cingapura (de verticalização de favelas) -outra bandeira de Maluf e de Celso Pitta- consumiu R$ 18,8 milhões em 96.
Apenas as gerenciadoras (contratadas para administrar os gastos das cooperativas do PAS) ficavam com 6% dos repasses.
Ao instituir o plano, Maluf acreditava que continuaria recebendo os repasses do SUS (Sistema Único de Saúde), o que ajudaria na manutenção do plano.
A União, entretanto, parou de enviar a verba alegando que as cooperativas, que seriam organismos privados, deveriam se cadastrar individualmente no sistema.
Com isso, as cooperativas teriam de prestar contas diretamente ao SUS, prática descartada pela gestão municipal. Desde então, a prefeitura deixou de receber cerca de R$ 200 milhões.
O PAS era caro porque boa parte do dinheiro investido acabou indo para o ralo. Sem um sistema de controle de gastos e sem a obrigação de fazer licitações, cooperativas acabaram pagando mais do que o necessário nas compras. Auditorias apontaram casos de superfaturamento de até 185%.
Para agravar, as cooperativas acabaram também sendo loteadas entre vereadores, num esquema semelhante aos das administrações regionais. Há suspeitas de que algumas acabaram abastecendo caixas de campanha.
Com Pitta, os custos foram cortados aos poucos, mas não o suficiente para evitar a implosão do sistema. Primeiro, caíram para R$ 52 milhões por mês, valor que a prefeitura considerava ideal sem prejudicar o atendimento.
Depois, sem conseguir manter esse custo, a prefeitura passou a aplicar R$ 40 milhões. Para isso, teve de reduzir o atendimento.


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