São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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SAÚDE

A partir de outubro, 20 mil tabagistas receberão assistência gratuita durante um ano; custo inicial do programa é R$ 3,1 mi

Fumantes vão receber tratamento do SUS

Joel Silva/Folha Imagem
Fumante solta fumaça de cigarro em Ribeirão Preto; portaria assinada ontem, no Dia Nacional de Combate ao Fumo, prevê que o SUS forneça tratamento gratuito a viciados


LUCIANE SAID
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma portaria que prevê o tratamento gratuito a fumantes no SUS (Sistema Único de Saúde) foi assinada ontem pelo ministro da Saúde, Barjas Negri, em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo. A assinatura ocorreu na sede do Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro.
Segundo o diretor-geral do Inca, Jacob Kligerman, serão implantados centros de referência em abordagem e tratamento de fumantes nas unidades do SUS.
Kligerman disse que os pacientes serão avaliados por uma equipe multiprofissional, divididos em grupos e tratados com aconselhamento ou medicamentos -para os que apresentarem maior dependência da nicotina.
A duração do tratamento será de um ano ao custo de R$ 175 por paciente, segundo o ministro, que não revelou qual será o gasto com medicamentos.
A partir de outubro, 20 mil fumantes serão beneficiados com o programa durante um ano, nas 41 unidades já credenciadas. "A expectativa é que 40% deixem de fumar", afirmou Negri.
Estudos apresentados pelo Inca mostram que, por ano, só 3% das pessoas conseguem parar definitivamente de fumar sem tratamento. No Brasil, diz o Inca, cerca de 40 milhões de pessoas fumam (um terço da população adulta).
O ministro disse que os R$ 3,1 milhões a serem usados no primeiro ano do programa ajudarão a reduzir os gastos -cerca de R$ 200 milhões- do governo com doenças atribuídas ao tabagismo.
O ministério calcula que esse vício mata 200 mil pessoas por ano no país. Segundo Kligerman, a previsão é que, no mundo, 10 milhões morram até 2030 por doenças relacionadas ao fumo (70% nos países em desenvolvimento).
Ex-tabagista, Negri afirmou ter começado a fumar influenciado por colegas de faculdade. "Eu era o bobão, o que não fumava." Dizendo-se envergonhado por ter fumado por 15 anos, ele falou da morte da mãe, aos 58 anos, de câncer nos pulmões. "Dois dias depois abandonei o vício."
Pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, feita em 2001 em dez capitais, verificou que 24 mil alunos do segundo grau, entre 10 e 18 anos de idade, já tiveram contato com o cigarro. De acordo com Kligerman, 50% se tornarão fumantes quando adultos.
Outro dado apresentado pelo Inca é o aumento do número de crianças que fumam. Kligerman disse que 2,5 milhões de crianças entre 5 e 10 anos fumam.
Segundo Negri, R$ 34 milhões do Orçamento federal para 2003 serão destinados ao programa. "É o suficiente para expandirmos o programa a 200 mil pacientes."

Os interessados no programa poderão fazer a inscrição em uma unidade credenciada do SUS, por meio do fone 0800 7037033, ou na página do Inca na internet (www.inca.gov.br).


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