São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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BARBARA GANCIA

Itália consegue ser mais corrupta do que Namíbia

Tema em qualquer discussão sobre o desenvolvimento (ou falta de) do país, a corrupção é como o nosso hino: muito conhecida, porém, pouco destrinchada. Quantas vezes você já não cantou sobre o lábaro que ostenta estrelado sem saber do que estava falando? Da mesma forma, quantas vezes já não viu candidato a cargo público condenar a corrupção e se esquecer de apresentar propostas para combatê-la?
Se nós pouco nos interessamos em saber mais sobre a corrupção, há quem se preocupe em mapear a podridão mundial. Ontem, a Transparência Internacional, ONG que se dedica ao combate da corrupção desde 93, publicou seu ranking anual com os países mais transparentes. Você deve ter visto a lista no caderno Mundo, desta Folha.
Não sei bem quais os critérios utilizados para medir a corrupção (nem mesmo o site deles fornece detalhes). Mas digamos que a tal lista tenha sido elaborada com bom senso. Eu sei que, diante de acontecimentos recentes, como o escândalo da Arthur Andersen ou a descoberta de que atores de Hollywood embolsaram dinheiro na moita para falar bem de medicamentos -e até mesmo de que a editora Simon and Schuster se fez enganar e editou o livro de um falso chefão da máfia-, é pedir muito que se acredite no que quer que seja. Mas façamos uma forcinha para crer que os dados fornecidos pela ONG alemã sejam pertinentes. Nesse caso, alguns fatos saltam aos olhos:
1) O primeiro país latino entre os mais transparentes é o Chile, em 17º lugar. A Itália, veja você, micou em 31º lugar, atrás de Botsuana (24º lugar) e da Namíbia (28º), um dos países mais miseráveis do planeta. Mas não foi só a Itália que fez feio. A França, que se gaba de ser um país justo e moderno, também aparece atrás de Botsuana, em 25º lugar.
Será que isso contradiz a tese de que, quanto mais pobre (e, consequentemente, mais desorganizado) o país, mais passível ele se torna de corrupção? Ou será que França e Itália bolaram uma fórmula mágica para unir progresso e vigarice?
2) O Brasil aparece em 45º lugar, à frente do México (57º), da China (59º), da Índia e da Rússia (ambos em 71º lugar). Mas faz fronteira com o Paraguai, que conseguiu o feito de alcançar a antepenúltima colocação, à frente apenas da Nigéria e de Bangladesh. É de se perguntar até quando o Brasil pretende manter escancarada a sua fronteira com um vizinho desses.
Por sinal, "lábaro estrelado", para quem não sabe, é a bandeira nacional.

QUALQUER NOTA

Sublime
É de tirar o fôlego a mostra "O Tesouro dos Mapas", que o Banco Santos realiza em seu vestíbulo, com mapas raros e objetos náuticos do final do século 15 até o século 19. Para melhor entender a história da cartografia, sugiro que você se informe sobre visitas monitoradas.

Para pachecos
Colegas cachorreiros não podem perder no domingo, às 9h, na praça Charles Miller, o "1º Passeio Animal Planet para Posse Responsável". No evento você poderá obter o R.G. do seu animal, bem como participar de várias atividades com ele.

E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/


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