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BARBARA GANCIA
Itália consegue ser mais corrupta do que Namíbia
Tema em qualquer discussão sobre o desenvolvimento (ou falta de) do país, a corrupção é como o nosso hino: muito conhecida, porém, pouco destrinchada. Quantas vezes você já não cantou sobre o lábaro que ostenta estrelado sem saber do que estava falando? Da mesma forma, quantas vezes já não viu candidato a
cargo público condenar a corrupção e se esquecer de apresentar
propostas para combatê-la?
Se nós pouco nos interessamos
em saber mais sobre a corrupção,
há quem se preocupe em mapear
a podridão mundial. Ontem, a
Transparência Internacional,
ONG que se dedica ao combate
da corrupção desde 93, publicou
seu ranking anual com os países
mais transparentes. Você deve ter
visto a lista no caderno Mundo,
desta Folha.
Não sei bem quais os critérios
utilizados para medir a corrupção (nem mesmo o site deles fornece detalhes). Mas digamos que
a tal lista tenha sido elaborada
com bom senso. Eu sei que, diante
de acontecimentos recentes, como
o escândalo da Arthur Andersen
ou a descoberta de que atores de
Hollywood embolsaram dinheiro
na moita para falar bem de medicamentos -e até mesmo de que a
editora Simon and Schuster se fez
enganar e editou o livro de um
falso chefão da máfia-, é pedir
muito que se acredite no que quer
que seja. Mas façamos uma forcinha para crer que os dados fornecidos pela ONG alemã sejam pertinentes. Nesse caso, alguns fatos
saltam aos olhos:
1) O primeiro país latino entre
os mais transparentes é o Chile,
em 17º lugar. A Itália, veja você,
micou em 31º lugar, atrás de Botsuana (24º lugar) e da Namíbia
(28º), um dos países mais miseráveis do planeta. Mas não foi só a
Itália que fez feio. A França, que
se gaba de ser um país justo e moderno, também aparece atrás de
Botsuana, em 25º lugar.
Será que isso contradiz a tese de
que, quanto mais pobre (e, consequentemente, mais desorganizado) o país, mais passível ele se torna de corrupção? Ou será que
França e Itália bolaram uma fórmula mágica para unir progresso
e vigarice?
2) O Brasil aparece em 45º lugar, à frente do México (57º), da
China (59º), da Índia e da Rússia
(ambos em 71º lugar). Mas faz
fronteira com o Paraguai, que
conseguiu o feito de alcançar a
antepenúltima colocação, à frente apenas da Nigéria e de Bangladesh. É de se perguntar até quando o Brasil pretende manter escancarada a sua fronteira com
um vizinho desses.
Por sinal, "lábaro estrelado", para quem não sabe, é a bandeira nacional.
QUALQUER NOTA
Sublime
É de tirar o fôlego a mostra "O Tesouro dos Mapas", que o Banco Santos realiza em seu vestíbulo, com mapas raros e objetos náuticos do final do século 15 até o século 19. Para melhor entender a história da cartografia, sugiro
que você se informe sobre visitas monitoradas.
Para pachecos
Colegas cachorreiros não podem perder no domingo, às 9h, na praça Charles Miller, o "1º Passeio Animal Planet para Posse Responsável". No
evento você poderá obter o R.G. do seu animal, bem como participar de várias atividades com ele.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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