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EDUCAÇÃO
Dados apontam crescimento nas matrículas de alunos na faixa de 15 a 17 anos; educação de adultos só aumentou 0,4%
Ensino médio cresce 4,6%, diz Censo Escolar
ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
FERNANDA NARDELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ensino brasileiro, que na década passada cresceu principalmente de 1ª a 8ª série (fundamental), passou a se expandir prioritariamente nos últimos anos na
educação infantil e no ensino médio. É o que mostram os dados
preliminares do Censo Escolar de
2002 do Ministério da Educação,
divulgado ontem em Brasília.
Em contraste com os dados de
crescimento desses dois níveis de
ensino está a educação de jovens e
adultos, que teve o menor crescimento entre todos os segmentos
que apresentaram aumento.
A expansão das matrículas deste ano para 2001 foi maior na creche (0 a 3 anos), que cresceu 5,3%.
O ensino médio (15 a 17 anos) teve
aumento de 4,6%, enquanto a
pré-escola (4 a 6 anos), de 3,2%.
A educação de jovens e adultos
não acompanhou o mesmo ritmo
e cresceu apenas 0,4%, resultado
que, na avaliação do ministério,
não é negativo. Mas, para alguns
pesquisadores, é preocupante.
"A cobertura ainda é baixíssima. Temos 16 milhões de analfabetos, segundo o censo do IBGE, e
cerca de 65 milhões de brasileiros
sem o ensino fundamental completo. Mas a cobertura da rede de
educação de jovens e adultos ficou estacionada no patamar de
3,8 milhões de alunos", diz Maria
Clara di Pierro, coordenadora de
políticas de educação de adultos
da ONG Ação Educativa.
O ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, afirma que isso
aconteceu porque muitos Estados
usavam os supletivos como um
instrumento para acelerar a
aprendizagem de alunos que estavam com idade superior à indicada para a série que cursavam.
"Houve uma bolha de crescimento nos últimos anos da educação de jovens e adultos porque
os Estados usaram essa modalidade para acertar o fluxo escolar,
matriculando alunos do ensino
regular nos supletivos. Agora,
com eles voltando a estudar na rede regular, estamos voltando ao
número normal novamente",
afirmou o ministro.
A queda no número de alunos
no ensino fundamental (7 a 14
anos) reflete, na leitura do ministro, uma melhoria do sistema, que
está retendo menos os alunos na
mesma série. Com isso, diminuiu
o número de estudantes com idade superior à indicada para a série
em que estuda.
Para o MEC, o ensino médio é o
nível que mais recebeu alunos
desde 1996, registrando um aumento de 53% no período. A região Nordeste apresentou o maior
crescimento. O número de matrículas no ensino médio aumentou
12,3% em relação a 2001. Em comparação com 1996, primeiro ano
em que o governo sistematizou a
base de dados da educação, o
Nordeste registrou, neste ano, 1,17
milhão de matrículas a mais.
Segundo Paulo Renato, o dado
aponta uma diminuição das disparidades regionais. "É uma região que está crescendo mais do
que o resto do país e se aproximando da média nacional", disse.
O Censo Escolar também mostra a participação das escolas da
rede pública. Dos 54,8 milhões de
estudantes, cerca de 87% frequentam aulas em escolas públicas.
Nas turmas de 1ª a 4ª série, a
maior parte dos alunos (50,3%)
estuda em escolas municipais.
A participação da rede estadual
no ensino fundamental diminuiu
por conta da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional
(LDB), que prevê a municipalização desse nível de ensino. Em
1996, as escolas estaduais eram
responsáveis por 56% do ensino
fundamental. Neste ano, a participação caiu para 41%.
Paulo Renato faz uma leitura
positiva dos dados gerais do censo: "Ele confirmou a tendência de
crescimento da pré-escola e do
ensino médio. Com isso, já podemos pensar daqui para a frente
em universalizar esses dois níveis
de ensino, a exemplo do que fizemos no ensino fundamental".
Os dados do levantamento são
preliminares e os Estados e municípios têm 30 dias para contestá-los. Os números finais serão divulgados no dia 30 de novembro.
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