São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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EDUCAÇÃO

Cerca de 400 estudantes participaram de ato em Araçatuba contra a criação de oito campi; PM foi acionada

Unesp aprova unidades, apesar de protesto de alunos

Jorge Araujo/Folha Imagem
Policial observa protesto de alunos da Unesp em Araçatuba


BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A ARAÇATUBA

Sob chuva, cerca de 400 estudantes da Unesp (Universidade Estadual Paulista) fizeram protesto ontem em frente ao prédio da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, onde reunião do Conselho Universitário aprovou o plano de expansão da universidade que prevê a criação de oito novos campi. Foram 34 votos a favor, 24 contra e sete abstenções.
Estudantes ajuízaram mandado de segurança alegando que o plano não poderia ser votado pois não havia sido apreciado por todos os órgãos da universidade, conforme previsão estatutária. Não foi concedida liminar para a suspensão da reunião. O mandado de segurança será julgado e, se procedente, poderá cancelar a aprovação do plano.
Para o reitor da Unesp, José Carlos Souza Trindade, "há uma profunda desinformação dos estudantes".
Os alunos, que tinham como objetivo suspender a reunião, bloquearam os portões para impedir a entrada dos conselheiros, mas foram encurralados pelo Pelotão de Choque da PM. "Como há precedentes, tivemos de tomar providências", afirmou o diretor da faculdade, Francisco Antonio Bertoz. No dia 14, alunos invadiram a reunião do conselho na capital paulista. Pelo menos dez alunos e três professores ficaram feridos.
Os estudantes, que vieram em nove ônibus, chegaram ao local por volta das 8h e encontraram os portões fechados. Havia cerca de 30 PMs cercando as entradas e impedindo o trânsito em volta do prédio, localizado no centro de Araçatuba (530 km de São Paulo). A Guarda Municipal também foi acionada. Segundo a PM, o reforço policial foi pedido pelo reitor.
"Se eu entrar, você vai me prender?", disse o aluno de processamento de dados da Fatec-SP André Mesquita Pluskat, 21, ao capitão da Polícia Militar Carlos Alberto Coelho Salesse, 36, responsável pela região central de Araçatuba. "Se entrar, será detido", respondeu o capitão.
Os estudantes passaram toda a manhã e parte da tarde fazendo barulho e gritando palavras de ordem como "Fora Trindade, expansão com qualidade".
Por volta das 10h, após negociações tensas entre os estudantes e o diretor da faculdade -intermediadas pela vereadora Durvalina Garcia (PT)-, foi permitida a entrada de cinco alunos para fazer a leitura de uma carta que ressaltava a necessidade de mais discussões sobre o plano. Estavam presentes 65 dos 67 membros. Os alunos permaneceram menos de cinco minutos na sala de reunião.
O Programa de Ampliação de Vagas, proposto pelo reitor, cria oito novos campi para a universidade, que tem hoje 16 instalados.
Pelo projeto, cada unidade terá, inicialmente, apenas um curso de graduação, que funcionará com professores das unidades já existentes. As disciplinas não serão lecionadas simultaneamente, mas uma por vez, com todo o conteúdo concentrado em, por exemplo, duas semanas de aula.
As cidades que devem receber os campi são Sorocaba (engenharia de controle e automação), Iperó (engenharia ambiental), Registro (agronomia), Ourinhos (geografia, com ênfase em climatologia), Dracena (zootecnia), Tupã (administração, com ênfase em agronegócios), Rosana (turismo, com ênfase em ecoturismo) e Itapeva (engenharia industrial madeireira).


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