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SEGURANÇA
Bangu 5 teve o mais longo motim do ano; presos ligados ao CV exigiram presença de jornalistas para liberar reféns
Rebelião no Rio é encerrada após 21 horas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Encerrada no início da tarde de
ontem, após 21 horas de duração,
a rebelião na Casa de Custódia
Bangu 5 (zona oeste do Rio) foi a
mais longa do ano nas prisões fluminenses.
Os 500 amotinados, ligados à
facção criminosa CV (Comando
Vermelho), só libertaram os quatro reféns depois de receber da
PM (Polícia Militar) a promessa
de que 30 presos condenados e 11
vinculados ao TC (Terceiro Comando) seriam transferidos.
Não houve feridos, mas um refém chegou a ser algemado próximo a um bujão de gás.
Segundo o comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM), Sérgio Meinicke,
que participou das negociações,
os presos tinham uma pistola, um
revólver, uma granada, facas artesanais e pedaços de ferro. Ele disse
que vai apurar como as armas entraram na unidade.
Os presos permaneceram o
tempo todo no teto da cadeia, onde exibiram uma bandeira vermelha com as siglas CV e PCC
(Primeiro Comando da Capital).
Para evitar fugas, a unidade foi
cercada por PMs do Bope, do
Grupamento Tático-Móvel, do
Batalhão de Choque e do 14º Batalhão. Além das transferências, os
presos exigiram a presença de jornalistas para soltar os reféns. Os
jornalistas entraram na unidade
por volta das 10h.
Alguns presos debocharam das
equipes de reportagem ao perguntar sobre Tim Lopes, repórter
da TV Globo morto por traficantes no dia 2 de junho.
As negociações foram atrapalhadas por um bate-boca entre o
comandante do Bope e o pastor
evangélico Marcos Pereira, chamado pelos presos. Ele acusou a
polícia de truculência e chegou a
deixar a unidade. "Ele não tem
competência", rebateu Meinicke.
Os presos entregaram um documento à direção de Bangu 5 com
21 reivindicações. Eles reclamam
da alimentação, do tratamento
dispensado às visitas e da falta de
atendimento médico.
O diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário),
Edson Oliveira Rocha, disse que a
transferência dos presos começaria a ser providenciada ontem.
Tiros
O diretor das Casas de Custódia
de Bangu, major Dayser Corpas,
disse que a rebelião começou
após uma tentativa frustrada de
fuga. Como não conseguiram escapar, os presos fizeram a advogada Maria Helena Santos refém e
depois capturaram um policial
militar, um agente penitenciário e
duas funcionárias da cantina.
De acordo com ele, houve troca
de tiros entre amotinados e os policiais de plantão na unidade.
Segundo Corpas, a advogada foi
libertada após o início do motim
porque desmaiou. Ele disse que a
ação dos presos foi facilitada porque as celas estão com as portas
empenadas há mais de um mês.
"Os presos passam o dia inteiro
circulando pelos corredores. As
celas não fecham", disse.
Após serem libertados, os reféns
foram atendidos no Hospital
Central da PM, no Estácio (zona
central). Nenhum deles apresentava ferimentos.
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