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PLANO DIRETOR
Para Rui Falcão (Governo), PSDB pode usar nome de vereadores do PT que pediram veto a emendas em ato eleitoral
Secretário teme que carta tenha uso político
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário municipal de Governo, Rui Falcão, afirmou que a
carta que pede o veto de emendas
ao Plano Diretor que foram aprovadas, preparada por vereadores
do PSDB e assinada por alguns
parlamentares do PT, pode ser
utilizada como "manobra política". Para ele, alguns vereadores
"não devem ter entendido" o teor
das emendas e do Plano Diretor.
Folha - Como o Executivo avaliou a aprovação do Plano Diretor?
Rui Falcão - Viu com alegria,
porque é a materialização de um
dos nossos projetos mais importantes para a cidade.
Folha - As emendas apresentadas
pelos vereadores foram discutidas
com o governo? O sr. participou
dessas discussões?
Falcão - O plano foi substancialmente alterado no Legislativo. Ele
articula um conjunto de interesses políticos, sociais e econômicos. O importante é que, no global, sirva ao interesse público.
Folha - O vereador Nabil Bonduki
(PT) disse que o maior articulador
das emendas foi José Mentor (PT),
que não é mais líder do governo.
Falcão - Quando ele era o líder
do governo, já havia uma comissão em andamento. Como se decidiu pela troca do líder do governo, ele [Mentor" fez a transição: a
liderança passou para o [Arselino" Tatto e o Tatto o nomeou para
compor a comissão com o Nabil.
Por isso, em conjunto com o Tatto e o Nabil, ele articulou essa fase
final do plano.
Folha - O Nabil também disse que
a liderança do governo pressionou
para mudar o zoneamento. Essa
pressão se deu em conjunto com o
governo ou foi uma pressão pontual da liderança?
Falcão - Eu me reuni com o Nabil no dia da votação, à tarde. Ele
me apresentou um texto, que disse ser praticamente o texto final.
Eu sugeri uma série de mudanças,
que ele acolheu. Ele me disse que,
caso o plano fosse votado naquele
dia e necessitasse de uma manifestação do governo, ele ligaria
para minha casa.
Folha - E o senhor dormiu a madrugada toda?
Falcão - Dormi sem saber se iria
ser votado ou não. Depois o Tatto
me disse: "Foi aprovado, está uma
beleza".
Folha - Houve várias discussões
sobre o plano, inclusive com audiências na Câmara e com a apresentação de sugestões. Essas
emendas apresentadas e o plano
aprovado não descaracterizam as
propostas das audiências?
Falcão - Várias sugestões não foram acatadas. Outras foram. Não
se pode dizer que, se a maior parte
foi acatada, o plano é bom, se não
foi, é mau.
Folha - Essa carta dos vereadores,
que pede para que a prefeita vete
as emendas, como vocês avaliam
isso? Ela vai vetar?
Falcão - Como é coisa do PSDB,
é preciso muita cautela para que o
pedido não seja usado como manobra eleitoral. Ademais, é inusitado que vereadores que votaram
a favor do projeto se dirijam à
prefeita pedindo veto. A prefeita,
contrariamente a alguns vereadores, que aparentam não ter lido as
emendas antes de votar, verá todo
o projeto antes de sancioná-lo.
Folha - O sr. está afirmando que
os vereadores não conheciam o
projeto?
Falcão - Acho que conheciam,
porque as emendas foram apresentadas e lidas e eles votaram. A
única hipótese para pedir veto
agora é que não tenham tido conhecimento do que votaram. Leram e não entenderam.
Folha - O sr. chegou a ler as emendas depois? Elas beneficiam setores da construção civil?
Falcão Em várias áreas da cidade
há quem ganha e há quem perca.
Folha - Quanto à carta, a prefeita
vai analisar?
Falcão - Primeiro, é preciso tomar cuidado para que não se crie
uma confusão institucional na cidade; segundo, para que essa confusão não resulte em manobra
eleitoral, em que pessoas do PT,
que tenham subscrito isso de boa-fé, possam, sem querer, ser objeto
de manipulação para o PSDB.
Folha - Do jeito que o sr. fala, dá a
impressão de que esses vereadores
do PT que assinaram a carta são ingênuos e os outros que não assinaram são mais inteligentes.
Falcão - Não, não estou fazendo
juízo de valor. O que estou dizendo é que a maior parte do PT não
está associada a isso. Não houve
nenhum questionamento regimental. O próprio presidente da
Casa, que por dever de ofício tem
de conhecer o regimento e, independentemente disso, é um regimentalista renomado, poderia ter invocado a necessidade de audiências públicas prévias à votação das emendas, mas não o fez. Tendo eles se associado a um movimento encabeçado por vereadores do PSDB, há o risco de, nessa confusão institucional que se criou, ocorrer alguma manobra de cunho eleitoral.
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